ACONSELHAMENTO BÍBLICO
TEXTO BASE RM 15: 1-13
Cristo dá-nos o exemplo da abnegação
1° Ora nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.
2ª Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo, visando o que é bom para edificação.
3ª Porque também Cristo não se agradou a si mesmo, mas como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam.
4ª Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança.
5ª Ora, o Deus de constância e de consolação vos dê o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus.
6ª Para que unânimes, e a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
7ª Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu, para glória de Deus.
8ª Digo pois que Cristo foi feito ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos pais;
9ª e para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia, como está escrito: Portanto eu te louvarei entre os gentios, e cantarei ao teu nome.
10º E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, juntamente com o povo.
11ª E ainda: Louvai ao Senhor, todos os gentios, e louvem-no, todos os povos.
12ª E outra vez, diz também Isaías: Haverá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para reger os gentios; nele os gentios esperarão.
13° “Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz na vossa fé, para que abundeis na esperança pelo poder do Espírito Santo.”
O que não é aconselhamento bíblico.
O aconselhamento bíblico é uma obrigação de todos os membros que estão bem solidificados, uma preocupação não apenas dos pastores mas de toda a igreja de Deus em prover base sólida para o crescimento cristão.
Já que várias distorções da verdade tem surgido com o nome de aconselhamento bíblico, antes de definirmos com precisão o que é aconselhamento bíblico precisamos saber o que não é aconselhamento bíblico.
Em primeiro lugar, o aconselhamento bíblico não é uma atividade reservada para os especialistas.
Paulo, em Rm 15: 1=13 nos diz que o que um conselheiro cristão precisa é estar em comunhão com Cristo.
"E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros."
Deixando claro que o que precisamos para sermos bons conselheiros é sermos salvos.
Em segundo lugar devemos notar que o aconselhamento bíblico não é uma atividade opcional para a Igreja.
Podemos ver na atitude de Paulo que ele dava grande ênfase ao aconselhamento.
Em At 20: 31 ele nos mostra a intensidade com a qual ele realizava este serviço dizendo que o fazia dia e noite, e o fazia até o ponto de chorar por eles.
Em Cl 1: 28 ele nos mostra a amplitude desta obra quando diz que anunciou a todo homem.
Por último devemos notar que o propósito do aconselhamento bíblico não é o bem-estar do homem mas a glória de Deus.
Numa época em que a felicidade do homem esta acima de tudo, devemos notar que, ao contrário do que faz a psicologia, que se preocupa em como o homem pode alcançar o bem-estar, o aconselhamento noutético tem o propósito de glorificar a Deus.
I° Paulo nos Adverte quanto a isso em Cl 1: 28,29
Dizendo:
O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.
Podemos notar aqui o propósito de suas admoestações era "apresentar todo homem perfeito em Cristo" e não que todo homem alcance felicidade aqui na terra, isto poderia até acontecer, mas é apenas a consequência de uma vida vivida dentro dos padrões que agradam a Deus.
II. O que é aconselhamento bíblico.
Duas palavras gregas são usadas na bíblia para o aconselhamento bíblico nouqetew (noutheteo) e parakalew (parakaleo).
Baseados nos usos destes dois termos tentaremos formular nossa definição de aconselhamento bíblico.
O primeiro deste termo (noutheteo) tem três significados básicos: admoestar (At 20: 31; Rm 15:14; I Co 4: 14; I Ts 5:12,14), aconselhar (Cl 3:16) e advertir (Cl 1:28; II Ts 3: 15) e sempre da a idéia de mostrar ao irmão o seu erro através da Palavra de Deus e auxilia-lo na correção deste.
O segundo termo (parakaleo), de acordo com Walter Bauer, tem cinco significados.
O primeiro deles é chamar alguém ao lado (At 28:20). O segundo da a idéia de convidar ( Lc 8: 41; At 8: 31; 13: 42; 28: 20).
Um terceiro significado é o de requerer, apelar para, rogar (Mt 8: 31,34; Lc 7: 4; Rm 12:1; I Co 15:16).
O quarto significado é o de confortar, encorajar, incentivar (Lc 16: 25; At 16: 40; II Co 1:4; Cl 2: 2).
O último significado é o de consolar, conciliar, falar de maneira amigável (Mt 5:4; Lc 15:28; I Co 4:13; 14: 31; Ef 6: 22).
Baseados nestes usos podemos dizer que o verdadeiro aconselhamento bíblico envolve ensinar ao irmão a viver de maneira a agradar a Deus aqui na terra, confortando-o em suas dificuldades, incentivando-o a permanecer firme em Cristo, visando o pleno desenvolvimento do irmão e a glória de Deus através deste.
III. A teologia no aconselhamento bíblico.
O aconselhamento bíblico, por definição, tem como base as Escrituras, e uma vez que a Teologia é a ciência que busca sistematizar o conteúdo bíblico em tópicos, faz-se claro que o aconselhamento bíblico e a Teologia Sistemática devem andar lado a lado.
Devemos notar que as duas se completam.
A Teologia é a fonte de conteúdo para o aconselhamento bíblico, e o aconselhamento bíblico é onde a Teologia sistemática entre em prática.
Esta seção visa demonstrar a ligação entre as várias doutrinas e o aconselhamento bíblico.
A Bibliologia:
De nosso estudo de bibliofobia descobrimos que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, inerente em seu conteúdo, a revelação da vontade de Deus para o homem.
Conclui-se que, como fonte de nosso aconselhamento devemos recorrer a ela para sabermos como fazer a vontade de Deus, que é o propósito do aconselhamento.
E que podemos Ter a certeza de que encontraremos nela tudo o que precisamos para um aconselhamento eficaz.
B. Teologia propriamente dita.
A Teologia propriamente dita nos leva a reconhecer que só existe um Deus que merece todo o nosso louvor pois Ele é o criador e mantenedor de todo o universo.
Logo, devemos Ter em mente que nosso aconselhamento deve levar o homem a conhecer e se relacionar de forma harmônica com este Deus.
C. Cristologia.
Na doutrina de Cristo entramos em contato com o plano redentor de Deus para o homem, e com a solução proposta por Deus para o mal que se enraizou no ser humano a partir de sua queda.
Concluímos que a única solução possível para o mal do homem se encontra na pessoa e obra do nosso Senhor Jesus Cristo e não em alho de bom que o homem possa fazer.
D. Pneumologia.
Estudando acerca do Espirito Santo vemos que é ele quem convence o mundo do pecado, que é o real problema da humanidade, inferimos daí que não se não estivermos na dependência do Espirito Santo nada do nosso esforço terá resultado.
E. Antropologia.
A doutrina do homem nos fala acerca do homem criado por Deus em estado de perfeição, e da ansiedade do homem por não mais poder desfrutar de um relacionamento aberto com Deus. Então nosso aconselhamento deve leva-lo a desejar a restauração deste dois elementos.
F. Hematologia.
É no estudo da doutrina do pecado que encontramos a descrição perfeita do estado do homem e de suas necessidades. Um aconselhamento que leva em conta o fator pecado, e todo o mal que ele causou, na vida do homem esta mais apto para conseguir a solução para o problema do homem.
G. Soteriologia.
Um aconselhamento que já mostrou ao homem a sua condição, através da doutrina do pecado, mostra também a grandiosidade da transformação que precisa sofrer. É na doutrina da salvação que está a cura para o mal do homem, a esperança para a sua vida.
H. Eclesiologia.
A doutrina da igreja nos mostra a necessidade que o homem tem de participar do corpo de Cristo, e crescer junto com este corpo, o aconselhamento cristão levará o homem a reconhecer a necessidade de comunhão com outros que, como ele, buscam a glória de Deus em suas vidas.
I. Escatologia.
A doutrina das ultimas coisas da ao fiel a certeza da restauração que ele precisa e que irá acontecer um dia, quando Cristo voltar.
IV. O valor do aconselhamento bíblico.
O valor do aconselhamento bíblico reside exatamente no que ele discorda da psicologia moderna, suas concepções acerca da natureza do homem, do problema que ele enfrenta e da solução para este.
Enquanto a psicologia vê o homem como inerentemente bom, que só precisa de bons estímulos, e de que o mal da sociedade que o cerca seja afastado para não influenciar seu comportamento.
A Bíblia o descreve como um ser inteiramente corrompido, que só busca o que é mal aos olhos de Deus e incapaz de fazer o bem.
Partindo de uma perspectiva correta, uma vez que é dada por Deus, ela pode ajudar melhor o homem e não torna-lo cada vez mais desesperado, como podemos ver no príncipe do existencialismo, Jean Paul Sartre:
" O homem está condenado a liberdade".
A Bíblia oferece a solução para o homem sim, mas não para um "homem bom" mas para um homem totalmente depravado.
Para a psicologia o problema do homem está em sua falta de autoafirmação, ou no meio ambiente corrompido em que ele habita.
A Bíblia apresenta o pecado como problema maior do homem e isto é que gera sua falta de autoafirmação e um meio ambiente pervertido pelo próprio homem.
A cura para o mal do homem está na reestruturação do meio ambiente, como nos diz a psicologia moderna, ou em qualquer outro fator que esteja ao alcance do homem.
Mas a Bíblia nos fala de uma transformação radical que não pode ser feita pelo próprio homem, mas tem que ser operada por Deus, onde ele vai se despojar do velho homem e se revestir de um novo homem, uma transformação total, não uma mera correção de atitudes mas uma transformação de essência.
ASPECTOS FÍSICOS E ESPIRITUAIS DO ACONSELHAMENTO
Para podermos auxiliar alguém em seus problemas é necessário uma perspectiva correta acerca da natureza do problema que aquela pessoa esta enfrentando.
Nossa posição acerca da natureza do próprio homem influi diretamente em nossa atitude ao tratar dos problemas do homem.
Se nós cremos que o homem é moralmente bom, com o desejo de fazer as coisas certas e que o atrapalha é uma sociedade corrompida, um meio ambiente desfavorável ou falta de recursos para que possa agir do modo correto, nosso esforço deve ser empregado em corrigir os defeitos e falhas da sociedade, melhorar o meio ambiente em que o homem vive e dar-lhe recursos para que ele consiga agir de modo correto.
Mas se cremos que o homem é inerentemente mau, que o seu coração está totalmente revoltado contra Deus e que ele não quer e não pode fazer nada de bom, nosso esforço será em levar o homem a reconhecer a sua incapacidade e colocar sua vida aos pés daquele que pode fazer uma transformação total na sua vida.
Se nós cremos que por trás de todo mau comportamento do homem há algum fator biológico que o esteja pressionando a agir de determinada maneira, nossa atitude deve ser a de curar o corpo físico do indivíduo para que ele possa voltar a agir dentro dos padrões corretos.
Mas se, por outro lado, não aceitamos o que os psicólogos chamam de "doença mental", mas vemos por trás de atitudes como depressão maníaca, esquizofrenia e outras pecados encobertos na vida das pessoas, nosso alvo deve ser o de levar estas pessoas a confrontarem os seus pecados com o auxílio do nosso Senhor Jesus Cristo.
Vamos analisar os dois lados do problema (físico e espiritual), com episódios ocorridos na vida do nosso Senhor para podermos buscar o discernimento necessário para reconhecer o que é doença verdadeiramente e o que vem como resultado e até pecado direto na vida da pessoa.
O primeiro caso é o do cego de nascença curado pelo Senhor (Jo 9).
É importante para o nosso estudo aqui a pergunta inicial feita pelos discípulos ao Mestre:
"Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" podemos inferir daqui uma pressuposição importante para nossa análise, os discípulos criam que haviam doenças que eram resultados de pecados.
E devemos notar também que Cristo não combateu esta idéia deles, o que era de se esperar se ela não fosse verdadeira, então podemos inferir que Cristo também acreditava que haviam doenças que eram decorrentes do pecado, mas aquele não o caso e o próprio Cristo não o recriminou por pecado algum, apenas efetuou a sua cura física, sem colocar no cego mais sofrimento, afirmando que ele estava sofrendo por causa de seu pecado quando não era.
O segundo caso que nós vamos analisar é o caso do paralítico do tanque de Betes da (Jo 5).
Neste caso podemos de novo a crença de Jesus de que haviam doenças que eram decorrentes de pecado, e que neste caso, o paralítico, provavelmente estava naquela situação exatamente por causa de seu pecado, pois Cristo o advertiu a não pecar mais para que não sucedesse a ele coisa pior.
Note que Cristo não ousou confrontar o pecado do pecador quando foi o caso, mas ele não o fez na outra ocasião.
Logo, nós, como conselheiros devemos estar em constante dependência de Deus para não nos tornarmos como os amigos de Jó que só aumentaram ainda mais seu sofrimento, acusando-o de um pecado que ele não tinha cometido, mas também não devemos tratar tudo como causas naturais pois é nosso dever guiar as pessoas em pecado a restauração com Deus.
O PROCESSO BÍBLICO DE MUDANÇA
Para entendermos o processo bíblico de mudança faz-se necessário Ter uma visão correta do que a Bíblia diz ser a condição do homem.
Para isso vamos passar pela história do homem desde à sua criação.
Deus criou um homem perfeito, com capacidades de se relacionar com outros seres, com capacidade para dominar sobre a criação e com a necessidade de se relacionar com Ele.
Neste relacionamento homem = Deus, haviam papéis definidos que deveriam ser respeitados para um relacionamento saudável. Deus como criador tinha muito a ensinar ao homem, era seu conselheiro por excelência, um dos conselhos mais importantes era, você não deve comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Mas o homem não gostou de receber conselhos apenas de Deus e buscou outro conselheiro, como um ser livre, ele teria responsabilidades sobre suas ações e colheria as consequências delas, e a consequência desta escolha do homem foi a perda de vários dos privilégios que o homem tinha com Deus.
Algumas delas são: ele ganhou o conhecimento do bem e do mal, mas não podia mas escolher entre eles pois seu desejo agora só se voltaria para o mal; ele sofreu consequências físicas, a partir dali o homem começara a morrer física e espiritualmente; O homem também perdera o relacionamento tão precioso que tinha com Deus, para se tornar seu inimigo, e devemos notar que esta é uma das maiores consequências para um ser que foi criado para se relacionar com Deus, isto trouxe frustração profunda ao homem, mesmo que ele não saiba disso, pois uma de suas necessidades básicas não estava mais sendo atendidas.
Desde então o homem tem se degenerado cada dia mais e o que podemos ver é sociedade totalmente frustrada por não se relacionar com Deus, voltando-se para práticas místicas, pois estão descobrindo que eles tem sede de algo espiritual, o ateísmo não resolveu o problema do homem, agora ele se volta ao misticismo, que também falhará.
A mudança que o homem precisa, de acordo com a Bíblia, não é uma restauração das estruturas sociais, Cristo não pregou um evangelho de igualdade social, mas pregou um evangelho de transformação radical.
O homem não precisa de um pequeno retoque para se tornar aceitável diante de Deus, ele precisa ser totalmente transformado, precisa que o seu coração de pedra seja arrancado e seja colocado um coração de carne.
A tarefa de transformar vidas de homens não é algo fácil que o próprio homem pode conseguir, nem mesmo os melhores métodos de transformação já desenvolvidos pelo homem pode levá-lo a transformação que ele precisa, nem a maior força de vontade que já foi vista sobre a terra é útil na restauração que o homem precisa sofrer.
Jeremias nos mostra a grandeza de tal tarefa quando afirma:
"Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal."
Esta é a situação do homem, totalmente acostumado a fazer o mal, com o seu coração totalmente corrompido de forma que não pode mais escolher entre o bem e o mal.
Mas no meio de todo este quadro há uma esperança para o homem, uma transformação tão radical quanto a que ele precisa, uma transformação que vai mudar toda a sua essência, que vai trocar todos os seus valores.
Cristo descreve esta transformação em Jo 3, quando fala de um novo nascimento, nada dessa velha vida serve para ser reaproveitado então o homem tem que nascer de novo.
O processo de mudança também é bem explicado pelo apóstolo Paulo, dizendo:
no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.
Podemos ver descrito aqui o que cremos ser o processo correto para a transformação na vida daquele que tocado por Deus. Podemos ver que ele tem que abandonar as velhas práticas que antes faziam parte de seu viver diário, o que nós podemos chamar, usando a terminologia bíblica, de despojar.
E uma vez despojado, ou seja, retirado tudo aquilo que estava contaminado no homem, toda a sua velha natureza, ele pode agora ser revestido de uma nova natureza, uma natureza agora capaz de novo de se relacionar com Deus, e auxiliada pelo Espirito Santo a poder de novo escolher a fazer o bem.
Assim o homem consegue esta transformação, primeiro sendo transformado pelo Espirito Santo, dando a ele nova vida e depois agindo em cooperação com Espirito Santo buscando uma vida de santificação, ou seja, sendo de novo restaurado a imagem de Cristo, como fora criado.
A melhor definição de santificação dada é a do apóstolo Paulo, quando ele afirma:
"E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito."
Podemos notar aqui todos os passos da transformação. Primeiro nosso rosto foi desvendado, foi restaurada a nossa visão, ocorreu a nossa regeneração.
E em seguida nós somos auxiliados pelo Espirito Santo a nos tornarmos a imagem de Cristo de forma gradual.
Só o processo bíblico de despojar / revestir pode realmente provocar a mudança que o homem precisa, e nós podemos ver isto desde a conversão onde o pecador é despojado da velha natureza e revestido de uma nova natureza.
Temos também o apoio do próprio Senhor Jesus Cristo, no episódio da expulsão dos demônios quando ele explica que:
Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, procurando repouso; e, não o achando, diz:
Voltarei para minha casa, donde saí. E, tendo voltado, a encontra varrida e ornamentada.
Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem se torna pior do que o primeiro.
Note que ali havia apenas transformação exterior mas não havia revestimento, então a sua situação se tornara pior, mas a verdadeira transformação não deixa a casa vazia mas a enche com o Espirito Santo, dando assim condições de haver mudança real.
COMPARAÇÃO DE MODELOS DE ACONSELHAMENTO
Quando defendemos o método do aconselhamento bíblico, pressupomos que em comparação com os outros métodos ele apresenta vantagens que vão realmente fazer uma grande diferença, que eles tem pressupostos diferentes e que os pressupostos do aconselhamento bíblico estão mais de acordo com a realidade do homem como o descreve a Bíblia. Esta seção visa fazer uma comparação entre o aconselhamento bíblico e os outros tipos de aconselhamento.
Iª Comparando a epistemologia dos conselheiros.
A maioria absoluta dos conselheiros de hoje vivem em uma cosmovisão totalmente ateísta que não pretende levar Deus a sério, eles estão tão secularizados que não conseguem enxergar nada que vá além deste mundo algo que não esteja ligado apenas com o físico mas algo que nos una a um Deus, que é transcendente e imanente ao mesmo tempo ao deus real.
Logo, sua fonte de epistemologia esta totalmente ligada aos seus estudos, ao que eles podem descobrir através dos sentidos, ou teorias produzidas pela razão humana, ou ainda, algo ligado a suas intuições, mas descartam completamente qualquer fonte de revelação exterior.
Os conselheiros bíblicos, ao contrário, tem ao seu dispor, além da verdadeira ciência, a verdadeira fonte de informação acerca dos homens, e assim podem fazer uma melhor análise de sua situação real.
Esta fonte pode ser dividida em duas áreas, que nós chamamos geral e especial.
A fonte de revelação geral é o que Deus colocou a disposição de todos os homens de todas as épocas e lugares para que eles possam saber como viver uma vida que agrada a Deus, mesmo sem conhecer a este Deus.
Como agentes dessa revelação nós temos a natureza, o salmista nos mostra todas as pessoas da terra tem acesso a este conhecimento:
Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.
Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.
Aí, pôs uma tenda para o sol, o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho.
Principia numa extremidade dos céus, e até à outra vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor.
Deus se revelou a todos os homens para que todos pudessem ter O direito de conhece-Lo, mas o homem não valorizou este conhecimento trocando-o por várias outras fontes de sabedoria mundana, o apóstolo Paulo nos mostra o que o homem fez com esta revelação de Deus:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
Aqui o apóstolo deixa claro que Deus deixou ao homem a verdadeira fonte de conhecimento mas ele perverteu esta fonte com a sua injustiça, e por isso eles não tem desculpas a apresentar diante de Deus, como se não conhecessem a verdade, porque foram eles que apagaram a verdade divina de suas vidas.
Há ainda a segundo área de revelação, que é a revelação geral.
Que a manifestação de Deus a homens específicos em tempos e lugares específicos, esta revelação tem o propósito salvífico de restaurar a comunhão entre Deus e o homem fazendo com que o homem conheça a salvação providenciada por Deus para ele.
Está é a mais completa fonte de conhecimento do homem, pois nela encontramos tudo para que possamos viver uma vida agradável a Deus, enquanto a primeira nos leva a reconhecer que estamos perdidos sem Deus, esta nos apresenta o Deus que pode nos salvar.
Paulo descreve assim seu valor:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Neste texto podemos ver seu alto valor para o aconselhamento bíblico, ela é útil para: ensinar, repreender, corrigir e educar. E ainda tem o mesmo propósito do aconselhamento bíblico que é o de levar todo homem a maturidade em Cristo visando a glória de Deus.
II. Comparando os métodos dos conselheiros.
Os métodos utilizados pelos conselheiros são contrastantes com o método bíblico, nesta seção iremos analisar os métodos utilizados a luz das Sagradas Escrituras.
A}Psicologia profunda.
Criado por Sigmund Freud, defende que o homem é um animal que age instintivamente, o homem é dividido em id, ego e superego.
Como animal o homem não tem nenhuma responsabilidade sobre suas ações e o sentimento de culpa é apenas fruto de padrões impostos pelos outros homens.
Freud defendia que a solução para o problema do homem era tornar todo o seu potencial real, fortalecendo o seu ego. Esta posição tem uma perspectiva errada acerca do homem pois não o retrata como totalmente depravado, exalta o homem em si mesmo como alguém bom que só precisa de uma pequena reformulação de conceitos.
B. Neo-Adlerianos.
Criado por Alfred Adler, desenvolveu a psicologia individual.
Para Adler o homem é um animal socialmente governado e seu problema é o complexo de inferioridade só que a responsabilidade deste problema não é individual mas da sociedade. São erros nos pensamentos e valores da sociedade, e falta de confiança em si mesmo que fazem o homem se sentir culpado.
Então o homem precisa buscar a superioridade e controlar o seu próprio destino, para isso ele tem que mudar a maneira de pensar para sentir-se e comportar-se melhor.
Esta posição está totalmente baseada em princípios anti-bíblicos como o orgulho e a idéia de que o homem é uma vítima, quando a Bíblia afirma claramente que o homem não tem nada em que se gloriar, ele é um pecador desesperado e só pode ser transformado por Jesus Cristo, tem ainda uma visão errada da condição do homem achando que ele pode se curar apenas mudando seus pensamentos, quando o que ele precisa é de uma verdadeira regeneração.
C. Comportamental.
Desenvolvida por Burrhus Frederic Skinner, esta teoria vê o homem como um animal que pode ser condicionado para fazer tanto o bem como o mal, ele defende a idéia de "tabula rasa", o grande problema do homem é a falha ambiental e portanto ele não deve ser responsabilizado, na verdade Skinner vê o homem como um ser amoral.
O tratamento indicado para Skinner é que o maio ambiente do homem seja mudado, uma vez que é ele que condiciona o homem.
A culpa para Skinner não é real, uma vez que o homem é amoral e que não há mal absoluto então a solução para o problema da culpa é modificar o padrão do homem de acordo com suas necessidades.
Esta teoria esta em contraste gritante com o padrão bíblico, pois ela ignora o homem como um ser espiritual e tira do homem todo o senso de liberdade e responsabilidade que Deus atribuiu a ele, também cria no homem uma mentalidade de que o homem é vítima do que lhe acontece já que é o meio ambiente que é o responsável o que também contraria o ensino bíblico.
E ainda defende uma teoria acerca do homem que o transforma em mero produto do meio ambiente, quando o que nós vemos na Bíblia é que é o homem que levou o meio ambiente para o mal quando caiu (Gn 3:17).
D. Teoria racional-emotiva.
Criada por Albert Ellis. Ellis Vê o homem como basicamente bom e com muito potencial interno.
O problema do homem é que ele é vítima de crenças falhas e irracionais acerca de si mesmo que forma implantadas nele desde a sua infância, então a culpa não é do homem mas do sistema de crenças deste, que é quem cria no homem um pensamento errôneo de que ele é culpado e este pensamento resulta em comportamento neurótico que prejudicam o homem, logo, o homem deve eliminar esta visão de errônea da vida e adquirir uma visão real, de acordo com a sua razão de sua vida, ele tem que mudar ativamente o seu conceito de vida para poder desfrutar todo o seu potencial interno.
Esta cosmovisão é totalmente anti-bíblica e humanística, que engana o homem dando a ele a esperança de encontrar mudanças em conceitos dentro de si mesmo quando o único lugar que existe solução real é junto a Jesus Cristo.
Também contradiz a declaração bíblica de que o homem está totalmente corrompido pelo pecado e não pode fazer nada, em si mesmo, para mudar este quadro, esta mudança que é muito mais radical do que a mera troca de conceitos só pode ser efetuada por Deus.
E. Terceira força.
Teoria desenvolvida por Carl Ransom Rogers.
Rogers foi profundamente influenciado pela cosmovisão otimista de sua época e cria que o homem poderia transformar toda a sociedade em redor, via o homem como bom, com muito potencial interior e em estado de maturidade, pronto para dar novos frutos, o problema é que ele vivia em um meio ambiente que atrapalhava seu desenvolvimento, logo, a responsabilidade pelos problemas da sociedade não é do homem já que é apenas uma vítima do meio ambiente e em consequência disso visão da culpa humana não era importante.
O tratamento para o seu problema era uma buscar uma solução interna ajudando o homem a transformar todo o sue potencial em realidade, o homem não deveria sentir culpa já que tudo o que ele fizesse para estar confortável consigo mesmo era certo e até mesmo necessário.
Esta teoria contradiz o padrão bíblico no que diz respeito a fonte da cura, não podemos encontrar cura para os nossos problemas em nós mesmos porque nós é que somos a fonte dos nossos problemas, nossa cura não é externa mas vem do Senhor Jesus Cristo, ainda não podemos fazer tudo o que quisermos para o nosso bem-estar pois nosso propósito aqui não é o de buscar prazeres mas buscar a glória de Deus.
F. Sistemas de famílias.
Desenvolvido por Ackerman, sua visão do homem é que ele é o produto de relacionamentos defeituosos e falhos, não só os relacionamentos do homem são falhos, mas eles o soa porque todo o sistema é falho e o homem esta apenas, casualmente, seguindo o círculo, cumprindo sua função dentro do sistema, logo, a culpa não é do homem pois ele é apenas um peão do universo.
O tratamento a ser seguido é descrito como alterar a maneira como os diversos relacionamentos são desenvolvidos. Esta cosmovisão não esta de acordo com os dados bíblicos porque, mais uma vez, ela troca os efeitos pela causa, os relacionamento defeituosos são os efeitos do mal que existe no homem e não a causa deste, e a cura para estes relacionamentos defeituosos não se encontram no homem natural mas só podem começar a ser experimentados por aqueles que forma regenerados.
G. Bíblico.
O modelo bíblico foi desenvolvido pela maior autoridade antropológica existente, o criador do próprio homem, e que por isso conhece o homem como mais ninguém.
Neste modelo o homem é tido como um ser criado para glorificar a Deus e sue problema consiste em que ele se desviou de seu propósito original e agora é pecador por escolha própria e encontra-se em rebelião total contra Deus, como foi o homem se desviou por escolha própria ele é responsável por seus atos e a visão da culpa que ele tem é real e resulta de seus pecados.
O tratamento oferecido não é encontrado no próprio homem mas é uma justificação baseada na fé em Deus, seguida por uma santificação progressiva que irá gradativamente restaurando o homem a sua condição original, para resolver o seu problema o homem tem que admitir a sua culpar e buscar a resposta em Deus.
I° Comparando as pressuposições dos conselheiros.
Uma das áreas em que nasce todas as diferenças entre os modelos de aconselhamento são as pressuposições. Podemos notar claramente que é tolice tentar unir estas correntes com o cristianismo porque suas diferenças não são apenas interpretações de fatos que não concordam, mas são pressuposições que são totalmente divergentes, logo, é impossível haver união entre elas.
Os psicólogos, em geral, pressupõe que Deus não existe, que o homem deve se preocupar apenas com as causas naturais, defendem o reducionismo e o individualismo, são relativistas pragmáticos e buscam apenas os prazeres desta vida, se consideram vítimas da situação e tem tendências gnósticas.
Nenhumas dessas pressuposições podem ser aceitas por cristãos que busca glorificar a Deus acima de tudo, pois elas tiram o homem de seu lugar apropriado, o inocenta de suas culpas e responsabilidades, despreza Deus a algo incerto e buscam encontrar realização penas nesta vida sem si importar com a vida porvir.
II. Comparando as teorias de motivação dos conselheiros.
Outra área contrastante entre o modelo de aconselhamento bíblico e os outros modelos são as teorias de motivação que eles usam com seus aconselhados.
Os outros modelos de aconselhamento usam motivações puramente humanísticas para despertar os seus aconselhados a realizarem-se plenamente, entre estas motivações podemos notar que a vida do corpo é algo muito valorizado por eles enquanto que o padrão bíblico é que devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e ele cuidará de tudo o que necessitamos (Mt 6: 33).
Outra fonte de motivação muito usada é o sexo mas o padrão bíblico é que devemos possuir nosso corpo em santificação pois ele é santuário do Espirito Santo.
Há ainda um apelo as posses materiais quando Deus ordena que nós devemos ser ricos para com Deus (Lc 12: 20). Outra fonte de motivação são as causas sociais e mais uma vez a Bíblia nos ensina que nós devemos nos preocupar mais com a glória de Deus do que com a dos homens (Jo 12: 43).
Uma Quinta fonte de motivação é o poder para realizar coisas mas de novo a Bíblia nos ensina que o maior no reino dos céus e o servo (Lc 22: 26).
A autoestima também é uma grande fonte de motivação mas de novo podemos ver que a Bíblia diz que devemos nos colocar aos pés de Jesus para segui-lo (Lc 9: 23).
Também é utilizada a sede do homem de buscar significado para a vida e a Bíblia nos ensina que o significado da vida esta em temer a Deus (Ec 12: 13).
O homem também busca, a todo custo, evitar a dor e conseguir prazer, mas o ensino bíblico é que passaremos por problemas enquanto estivermos aqui na terra, mas temos a certeza de que um dia não mais veremos a dor e o sofrimento (Ap 22:1-5).
Logo, torna-se evidente que a motivação humana, por mais atraente que possa parecer aos nossos olhos, não é eficaz e nem pode ser alcançada enquanto nós vivermos aqui nesta terra, cabe, portanto, ao conselheiro bíblico desviar a visão do aconselhado do supostos benefícios que ele pode conseguir enquanto estiver aqui na terra para levá-lo a contemplar as recompensas dadas por Deus para aqueles que creem nele.
Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado