sábado, 5 de março de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

387 Conversão de Agostinho

“Senhor, torna-me casto, mas não agora”, disse um intelectual, voltado à sensualidade, que flertava com o cristianismo — e com muitas outras coisas também. 



Depois de se entregar a Deus, esse homem não mais teria problemas para ser casto e se tornaria um dos mais influentes escritores que a igreja já conheceu.

Esse homem complexo era Aurélio Augustinus, mais conhecido por Agostinho. 

Nasceu em 354, na cidade de Tagaste, filho de mãe cristã, Mônica, e de pai pagão, Patrício, que era oficial romano.

Ao perceber o brilhantismo de seu filho, Mônica e Patrício procuraram as melhores escolas para ele. 

Estudou retórica em Cartago e foi estimulado a ler autores latinos como Cícero. 

Convencido por seus estudos de que a verdade era o objetivo da vida, em um primeiro momento rejeitou o cristianismo, porque via nele uma religião para as pessoas de mente simples.

Quando era adolescente, Agostinho tomou para si uma concubina que lhe deu um filho. 

Pelo resto de sua vida, Agostinho olharia para seus dias passados em Cartago com aversão. 

Na obra chamada Confissões, comenta: “Cheguei a Cartago, onde um caldeirão de amores profanos estava chiando e borbulhando ao meu redor”.

O jovem incansável experimentou o maniqueísmo, que ensinava ser o mundo um campo de batalha entre a luz e as trevas, a carne e o espírito. 

O maniqueísmo, no entanto, não conseguiu satisfazer o desejo de Agostinho de encontrar a verdade definitiva.

Tampouco conseguiu encontrá-la no neoplatonismo.

Assolado pela própria insatisfação espiritual, Agostinho se mudou de Cartago para Roma e depois para Milão, ensinando retórica nessas cidades. 

Em Milão, ele se encontrou com o bispo Ambrósio e aprendeu que nem todos os cristãos eram pessoas de mente simples, pois aquele homem era brilhante.

Em 387, enquanto estava sentado em um jardim em Milão, Agostinho ouviu uma criança cantar uma música que dizia: “Pegue-a e leia-a, pegue-a e leia-a”. 

Agostinho leu a primeira coisa que encontrou na sua frente: a epístola de Paulo aos Romanos. 

Quando leu Romanos 13.13,14, as palavras de Paulo que versam sobre o revestir-se do Senhor Jesus em vez de deleitar-se com os prazeres pecaminosos tocaram profundamente seu coração, e Agostinho creu. “Foi como se a luz da fé inundasse meu coração e todas as trevas da dúvida tivessem sido dissipadas.”

Apesar de Agostinho estar feliz com sua vida monástica tranquila, sua reputação de cristão brilhante se espalhou. Em 391, ele foi pressionado a ser ordenado sacerdote. 

Em 395, tornou-se bispo da cidade de Hipona, no norte da África.

Todas as controvérsias de seus dias envolviam o bispo Agostinho. 

O grupo donatista tinha grande preocupação no sentido de que o clero tivesse a moral adequada. 

Sob a perseguição do imperador Diocleciano, alguns clérigos entregaram cópias das Escrituras a seus perseguidores para que fossem queimadas. 

Mais tarde, alguns desses “traidores”, como eram chamados, foram readmitidos no clero. 

Os donatistas se recusaram a aceitar os “Traidores” e estabeleceram uma igreja rival. 

Milhares de donatistas viviam na diocese de Agostinho.

Agostinho negava a necessidade de uma igreja rival. 

Embora, como disse, pudessem existir algumas pessoas que não fossem exatamente santas na igreja, só havia uma igreja. 

Os sacramentos, que Agostinho definia como sinais visíveis da graça invisível, não eram eficientes em razão da justiça do sacerdote, mas devido à graça de Deus operando por intermédio deles. 

A visão de Agostinho prevaleceu, e o movimento donatista perdeu força.

Pelágio, um monge inglês, espalhou a heresia em que afirmava que a ação do homem era essencial em sua opção por Deus. 

Embora a graça de Deus tivesse seu papel, ela não era tudo. Pelágio não ensinava que o homem poderia salvar-se a si mesmo, mas negava que o pecado tivesse sido herdado de Adão.

Agostinho se opôs a essa idéia, dizendo que ninguém poderia escolher o bem a não ser que Deus o levasse a fazer isso. 

Na verdade, Deus havia predestinado os eleitos, seus redimidos, e nada do que o homem pudesse fazer mudaria o decreto eterno. 

Em 431, um ano depois da morte de Agostinho, o Concilio de Éfeso condenou oficialmente o palacianismo.

Agostinho não apenas desafiou a heresia, mas, em sua obra Confissões, descreveu sua busca espiritual, talvez, a primeira autobiografia verdadeiramente espiritual. 

A famosa frase “inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti” vem do primeiro parágrafo dessa obra.

Pelo fato de os ensinamentos de Agostinho tem se tornado tão fundamental ao cristianismo, não percebemos como ele foi original em seus dias. 

Seus pensamentos se espalharam tanto entre os teólogos católicos quanto entre os protestantes. 

Lutero e Calvino o citavam constantemente; gostavam de sua ênfase na graça de Deus e na incapacidade do homem de salvar-se a si mesmo.

Agostinho escreveu centenas de tratados, cartas e comentários. 

Sua obra clássica, intitulada A Trindade é provavelmente o trabalho mais conhecido sobre o assunto. 

Entretanto, sua obra mais importante foi A cidade de Deus, trabalho monumental escrito em resposta à queda de Roma diante dos visigodos. 

Algumas pessoas culparam os cristãos pelo acontecido, e alegavam que Roma cairá porque seu povo rejeitara os deuses nativos. 

Em razão dessas afirmações, Agostinho respondeu defendendo e explicando o plano e a obra de Deus na história. 

Ele diz que, desde Caim e Abel, sempre houve duas cidades no mundo: a cidade de Deus (os fiéis) e a cidade dos homens (a sociedade paga). 

Embora elas se inter-relacionem, Deus cuidará para que a cidade de Deus — a igreja — permaneça por toda a eternidade.

Embora Agostinho tenha escrito no final da era antiga, seus pensamentos influenciaram os estudiosos da Idade Média e perduraram até a Reforma.

sexta-feira, 4 de março de 2022

O AMOR , DON INFALIVEL DE DEUS!

TEXTO BASE JO 13: 34 -35

O AMOR - O DOM INEFÁVEL DE DEUS

INTRODUÇÃO 

"Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns ao outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros."João 13: 34-35.


"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.
 
Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propriação pelos nossos pecados. 

Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado.

Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito. E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Aquele que confessar que Jesus é o filho de Deus, Deus permanece nele, e ele, em Deus. 

E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança, pois, segundo ele é, também nós somos neste mundo. 

No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. 

Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. 

Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão." I João 4:7-21
Nos dias em que vivemos o homem tornou muito vulgar a sua concepção do amor, transformando-o em algo extremamente interesseiro e egoísta. 

O amor que a mídia nos apresenta não mede esforços para atingir o seu fim, é cruel, maldoso e malicioso. 

O amor do homem é condicionado a uma recompensa, a uma contrapartida. Hoje em dia a palavra amor está com seu conceito tão deturpado que quando as pessoas fazem sexo elas dizem: "vamos fazer amor", como se o amor fosse um simples fruto de prazer. A palavra amor se confunde com sexo, paixão e coisas completamente carnais e mundanas. Mas não é esse o desejo de Deus para com seus filhos.

A concepção de Deus sobre o amor é muito diferente da do homem. O amor de Deus não está atrelado a uma contrapartida ou algum interesse. 

O amor de Deus não é profano, e sim santo e puro. A Bíblia revela o amor de Deus de maneira certa e incondicional. É como se fosse algo assim: Deus decidiu nos amar e ponto final. 

A Palavra de Deus coloca na pessoa de Jesus Cristo todo o amor pela humanidade, através de sua morte pela propriação dos pecados do homem. 

Cristo, quando esteve em forma humana, viveu de maneira digna, manifestando todo seu amor pelo homem, através de curas, milagres, ensinos e principalmente pela pregação do Evangelho, que são as boas novas de vida eterna e salvação para todo aquele que em Deus crê.

Neste estudo abordaremos este assunto tão esquecido pelos cristãos de hoje, que apesar de não ser valorizado como é por Deus, é um assunto de extrema importância para todo crente que deseja alcançar um verdadeiro discipulado em Cristo Jesus.

O amor não é uma ilusão, como hoje em dia a mídia nos apresenta, o amor é muito mais que um sentimento ou algo nobre que há em nós pelo próximo, o amor é uma atitude, uma decisão, algo relacionado a compromisso e entrega voluntária. 


É um ato de fé. Por isso, esclareceremos a luz das Santas Escrituras o que é amor, quais as bênçãos de Deus prometidas para aqueles que amam, o que e como Deus quer que nós amemos o próximo e o impacto que o amor pode causar em nosso meio. 

Também elucidaremos neste estudo como podemos manifestar nosso amor a Deus.
Para conhecer o amor de Deus, primeiramente necessitamos saber como é o amor do homem.

Segundo a Bíblia o amor do homem é frio (Mt 24:12), carnal (Gn 6:1-2), dobre, ou seja, passageiro (Os 6:4), deturpado pelos mundados e adúlteros (Pv 7:18) e busca seus interesses (Sl 116:1).

O amor de Deus é muito diferente do amor do homem, veja.

Como é o amor de Deus:

Incondicional: Jo 13:1;

Inseparável: nada pode nos separar dele. Rm8:35-39;

Inexprimível: palavras não podem expressá-lo. Ef3:19;

Extremamente grandioso: Jo3:16;

Cobre a multidão de pecados: I Pe 4:8;

Renova o amor dos cristãos: Sf3:17;

Faz com que o cristão obedeça a Deus através do constrangimento: II Co5:14;

Traz consolo a vida do crente: II Ts2:16;

Disciplinador: nos corrige como um pai ao filho. Hb 12:6;

Repleto de bênçãos: II Tm 4:8;

Manifestação do amor de Deus

O Espírito Santo: Rm 5:5;

Através de sua misericórdia: Ef 2:4-7;

A nossa obediencia traz a manifestação do amor de Deus: I Jo 2:5; Jo14:21.

Provas do amor de Deus

A morte de Jesus Cristo pela humanidade pecadora: Rm 5:8; Jo3:16; I JO 3:16; Jo 15:13-14;

Libertação do jugo deste mundo: Dt 7:8;

Vida no Espírito Santo: Ef 2:4-5.

Características do verdadeiro amor

Não pratica o mal, é santo: Rm13:10;

Edifica uma vida: I Co 8:1b;

Suporta tudo: II Co 2:4; Ef 4:2b;

É o fim da fé - a fé opera por ele: Gl 5:6;

É perfeito, resplandece a glória de Deus: Cl 3:14;

Não tem medo: I Jo4:18;

Se gasta pelo próximo: II Co12:15;

Traz obras: I Jo3:18;

Imparcial: Dt10:19;

É sincero e verdadeiro: Rm 12:9;

Forte como a morte: Ct8:6-7.

Deus, pelo seu grande amor que nos amou espera que nós venhamos a correspondê-lo. 

O amor só pode ser correspondido por obras, veja o que Deus espera que você faça para manifestar o seu amor a ele.

Atitudes que Deus espera do que o ama Permaneça no seu amor: Jo 15:9;

Obediência a Deus: Dt10:12; Jo 14:15;

Guarde o amor: Os 12:6;

Andar no exemplo do amor abnegado (desvinculado) de Cristo: Ef 5:1-2;

Que o cristão siga o amor e ande nele: I Co 14:1; Ef 5:2;

Seja constante no amor: Hb 13:1;

Sirva o próximo por amor: Gl5:13;

Que todas obras sejam feitas com amor: I Co 16:14;

Deteste o mal: Sl97:10;

Rejeitar a Satanás e seus caminhos: Mt 6:24;

Estimule os outros a amar: Hb10:24;

Que manifeste seu amor: Pv 27:5,

Que declare seu amor a ele: Sl 18:1

Perca sua vida por amor de Cristo: Mt 12:24-26; Gl 2:20;

Ordens de Deus sobre o amor

Amar o próximo ardentemente de coração: I Pe 1:22; Jo 15:17;

Amá-lo com tudo que possuímos: Dt 6:5;

Amar os ímpios: Dt 10:19; Mt 5:44.

Deus, como bom galardoador que é não deixará nem um de seus filhos sem a devida correspondência, assim como ao pecador é dada uma punição, ao obediente é dado um galardão. 

Veja o que a Bíblia Sagrada promete para aqueles que amam o seu próximo.

Bênçãos prometidas para quem ama Cristo, através do Espírito Santo, habita ricamente nesta vida: Ef3:17; Jo 14:26; Jo 16:27;

Traz crescimento espiritual em Cristo Jesus: Ef4:15; Ef 6:24;

Permanece ligado a Cristo: I Jo4:16;

Traz a guarda do Senhor sobre nós: Sl 145:20;

Repreensão: Pv 3:12;

Perdão de pecados: Is 38:17;

Traz o amor de Deus sobre nós: Jo 16:27;

Todas as coisas que acontecerem na vida do crente serão usadas para o seu bem: Rm 8:28;

Sua vida é conhecida por Deus: I Co 8:3;

A pessoa que ama está na luz do Senhor: I Jo 2:10;

Todo que ama é filho de Deus: I Jo 4:7;

Libertação: Sl91:14;

Traz capacidade para perdoar o próximo: Pv 10:12;

Bênçãos inefáveis: que não se podem expressar. I Co 2:9.

Fontes do verdadeiro amor

De Deus - o Espírito Santo: Gl5:22; II Tm 1:7; I Ts 3:12; I Jo 4:7;

De um coração puro: I Tm 1:5;

De uma consciência boa: I Tm 1:5;

De uma fé cristã santa e verdadeira: I Tm 1:5;

Da misericórdia de Deus: Tt 3:4-5;

Palavras de Cristo sobre o amor

Ele é o princípio e a base de toda a lei de Deus: Mt 22:37-40; Lc 11:42.

O verdadeiro amor consiste em conhecer o poderoso nome do Senhor: Jo17:26;

Homens religiosos, carnais e que não crêem em Deus não podem ter o seu amor: Jo5:37-47

Findaremos este estudo com alguns textos bíblicos que falam sobre o amor.

"O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. 

Amai-vos cordialemtne uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. 

No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;" Romanos 12:9-11
"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como címbalo queretine. 

Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. 

E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 

O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. 

Quando eu era menino, falava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas próprias de menino. 
Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. 

Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. 

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor." I Coríntios 13:1-13

Leituras complementares: Pv 15:17; Ct 1:2; Mt 5:43-48; Lc 10: 25-37; Jo 21:15-23; Ap 12:1

Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

385 O bispo Ambrósio desafia a imperatriz


Os soldados cercaram a catedral de Milão. 

O bispo Ambrósio recebeu ordens da imperatriz Justina para abdicar do controle do prédio, mas ele não se moveu. 

A guarda germânica do imperador preparou-se para executar as ordens da imperatriz. 

A guarda não apenas tinha grande lealdade à imperatriz, mas os germanos, provavelmente, eram também arianos, ao passo que o bispo seguia os ensinamentos ortodoxos do Concilio de Nicéia.

Muitos esperavam o massacre dos infiéis reunidos na catedral, mas os observadores ouviram o som de salmos ecoando pelo ar. A força imperial deparou com uma fé inabalável.

O homem em quem esse conflito estava centralizado — o bispo Ambrósio — era um dos líderes mais fortes que a igreja já conhecera. 

O jovem Ambrósio, filho de um dos mais altos oficiais do governo de Constantino, fora criado para seguir os passos de seu pai. 

Quando terminou seus estudos em Direito, foi nomeado governador do território em volta da cidade de Milão. 

Muitos o consideravam um líder justo e altamente capaz.

Na época em que Ambrósio ocupava a posição de governador, um ariano chamado Auxêncio ocupou a posição de bispo de Milão. 

O bispo morreu em 374, e um grande tumulto se levantou enquanto a igreja tentava escolher o sucessor. 

Devido ao seu papel governamental, Ambrósio foi até lá para abrandar a contenda.

De repente, alguém começou a gritar: ‘Ambrósio para bispo!”. 

O restante das pessoas se juntou ao coro.

O único problema era que Ambrósio nem sequer fora batizado. 

Embora já acreditasse em Cristo havia bastante tempo, continuava um iniciante na fé. 

Mas isso não tinha a menor importância. 

A aclamação popular fez com que, em somente oito dias, ele fosse consagrado o novo bispo de Milão, queimando as diversas etapas — o batismo e muitos cargos intermediários — que eram requeridas para alcançar esse cargo.

O arianismo perdera seu poder. 

O último imperador do Oriente a defender essa causa foi Valente, morto em 378. 

Graciano, imperador do Ocidente, indicou o general Teodósio para governar a metade oriental do império, a partir de Constantinopla. 

Em 380, os dois imperadores promulgaram um édito declarando o cristianismo niceno a religião de todo o reino. 

Isso terminou por destruir a seita ariana, exceto em algumas terras distantes, entre os godos e entre alguns membros da família imperial.

Ambrósio levou bastante a sério sua nova posição como bispo. 

Estudou as Escrituras, assim como os pais da igreja, com intensidade, e começou a pregar todos os domingos. 

Ele sempre fora um grande orador e agora seu discurso tinha ainda mais profundidade. 

Basilio de Cesaréia, um de seus contemporâneos, descreveu Ambrósio como “um homem notável por seu intelecto, por sua linhagem ilustre e por sua notoriedade na vida e no dom da palavra, um objeto de admiração de todos neste mundo”.

Um de seus admiradores era um escritor de discursos chamado Agostinho. 

Este jovem cartaginês já pesquisara o maniqueísmo e fora atraído pelos pagãos de Roma. 

Fora mandado para Milão como professor e retórico do imperador adolescente Valentin ano. 

Naqueles dias, o poder imperial estava baseado em Milão, mas o Senado, em Roma, ainda era influente. 

De maneira geral, os senadores ainda abraçavam os antigos modos pagãos romanos, mas os imperadores eram cristãos. 

É bem possível que Agostinho tenha sido mandado pelos pagãos do Senado para ajudar a influenciar o jovem imperador.

Por razões políticas, Agostinho tornou-se catecúmeno na igreja cristã. 

Durante esse processo, entrou em contato com Ambrósio e ficou impressionado com a humildade e o poder do bispo. 

Mais tarde, por meio do testemunho de um dos ajudantes de Ambrósio, Agostinho se converteu (v. mais detalhes sobre Agostinho no próximo capítulo).

Ambrósio também ficou conhecido como compositor de hinos. 

Até mesmo no século iv a música na adoração levantava controvérsias. 

Os críticos temiam que as experiências musicais de Ambrósio criassem mania pelos hinos. 

Por isso, não é de surpreender que um cântico fosse ouvido durante o cerco da catedral de Milão, naquele dia do ano de 385. 

É bem possível que uma das cantoras fosse Mônica, a dedicada mãe de Agostinho.

Porém, foi outra mulher que criou o conflito naquele dia. 

Justina era a mãe do imperador Valentiniano, o sucessor de Graciano como o governador do Império Romano do Ocidente. 

Ela era o poder por trás do trono. Como ariana, queria reclamar para si a catedral de Ambrósio, assim como outra igreja em Milão, para que pudessem ser usadas pelas congregações arianas. 

Ambrósio se recusou a ceder a catedral. 

Ela enviou os soldados. 

O palco estava preparado para o derramamento de sangue.

No entanto, as tropas se dispersaram. Ninguém sabe o porquê. 

Alguns acham que Ambrósio pode ter feito com que uma mensagem chegasse até Teodósio, homem fervoroso, não-ariano, que governava o Oriente. 

Talvez a mensagem para Valentiniano, ameaçando a fúria de Teodósio, tenha feito com que o jovem suprimisse os planos de sua mãe. 

Ou talvez Justina estivesse simplesmente blefando desde o início. Seja qual for o caso, Ambrósio se posicionou diante da corte imperial e venceu.

Mais tarde, Ambrósio enfrentou um imperador — dessa vez, o próprio Teodósio. 

O imperador reagiu de forma exagerada a um distúrbio em Tessalônica, enviando o exército para massacrar os cidadãos daquela cidade. 

Ambrósio considerou isso um ato hediondo e excomungou Teodósio até que o imperador cumprisse penitência. 

O fato de o imperador voltar à catedral vestido de saco e coberto de cinza e ajoelhar-se diante do bispo buscando perdão é um testemunho tanto da coragem de Ambrósio quanto da humildade de Teodósio.

Houve um tempo em que a igreja enfrentou a perseguição de imperadores. 

Com Ambrósio, o novo padrão de relacionamento entre a igreja e o Estado começava a se desenvolver. 

quarta-feira, 2 de março de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

387 Conversão de Agostinho

"Senhor, torna-me casto, mas não agora", disse um intelectual, voltado à sensualidade, que flertava com o cristianismo — e com muitas outras coisas também. 

Depois de se entregar a Deus, esse homem não mais teria problemas para ser casto e se tornaria um dos mais influentes escritores que a igreja já conheceu.

Esse homem complexo era Aurélio Augustino, mais conhecido por Agostinho. 

Nasceu em 354, na cidade de Tangaste, filho de mãe cristã, Mônica, e de pai pagão, Patrício, que era oficial
romano.

Ao perceber o brilhantismo de seu filho, Mônica e Patrício procuraram as melhores escolas para
ele. 

Estudou retórica em Cartago e foi estimulado a ler autores latinos como Cícero. 

Convencido por seus estudos de que a verdade era o objetivo da vida, em um primeiro momento rejeitou o cristianismo, porque via nele uma religião para as pessoas de mente simples.

Quando era adolescente, Agostinho tomou para si uma concubina que lhe deu um filho. 

Pelo resto de sua vida, Agostinho olharia para seus dias passados em Cartago com aversão. 

Na obra chamada Confissões, comenta: "Cheguei a Cartago, onde um caldeirão de amores profanos estava chiando e borbulhando ao meu redor".

O jovem incansável experimentou o maniqueísmo, que ensinava ser o mundo um campo de batalha entre a luz e as trevas, a carne e o espírito. 

O maniqueísmo, no entanto, não conseguiu satisfazer o desejo de Agostinho de encontrar a verdade definitiva.

Tampouco conseguiu encontrá-la no neoplatonismo.

Assolado pela própria insatisfação espiritual, Agostinho se mudou de Cartago para Roma e depois para Milão, ensinando retórica nessas cidades. 

Em Milão, ele se encontrou com o bispo Ambrósio e aprendeu que nem todos os cristãos eram pessoas de mente simples, pois aquele homem era brilhante.


Em 387, enquanto estava sentado em um jardim em Milão, Agostinho ouviu uma criança cantar uma música que dizia: "Pegue-a e leia-a, pegue-a e leia-a". 

Agostinho leu a primeira coisa que encontrou na sua frente: a epístola de Paulo aos Romanos. 

Quando leu Romanos 13.13,14, as palavras de Paulo que versam sobre o revestir-se do Senhor Jesus em vez de deleitar-se com os prazeres pecaminosos tocaram profundamente seu coração, e Agostinho creu. 

"Foi como se a luz da fé inundasse meu coração e todas as trevas da dúvida tivessem sido dissipadas."

Apesar de Agostinho estar feliz com sua vida monástica tranquila, sua reputação de cristão brilhante se espalhou.

Em 391, ele foi pressionado a ser ordenado sacerdote. 

Em 395, tornou-se bispo da cidade de Hispana, no norte da África.

Todas as controvérsias de seus dias envolviam o bispo Agostinho. 

O grupo donatista tinha grande preocupação no sentido de que o clero tivesse a moral adequada. 

Sob a O mais antigo retrato conhecido de Agostinho, um afresco no Palácio de Latrão perseguição do imperador Diocleciano, alguns clérigos entregaram cópias das Escrituras a seus perseguidores para que fossem queimadas. 
Mais tarde, alguns desses "traidores", como eram chamados, foram readmitidos no clero. 

Os donatistas se recusaram a aceitar os “Traidores” e estabeleceram uma igreja rival. Milhares de donatistas viviam na diocese de Agostinho.

Agostinho negava a necessidade de uma igreja rival. 

Embora, como disse, pudessem existir
algumas pessoas que não fossem exatamente santas na igreja, só havia uma igreja. 

Os sacramentos, que Agostinho definia como sinais visíveis da graça invisível, não eram eficientes em razão da justiça do sacerdote, mas devido à graça de Deus operando por intermédio deles. 

A visão de Agostinho prevaleceu, e o movimento donatista perdeu força.

Pelágio, um monge inglês, espalhou a heresia em que afirmava que a ação do homem era essencial em sua opção por Deus. 

Embora a graça de Deus tivesse seu papel, ela não era tudo.

Pelágio não ensinava que o homem poderia salvar-se a si mesmo, mas negava que o pecado tivessesido herdado de Adão.

Agostinho se opôs a essa idéia, dizendo que ninguém poderia escolher o bem a não ser que Deus o levasse a fazer isso. 

Na verdade, Deus havia predestinado os eleitos, seus redimidos, e nada do que o homem pudesse fazer mudaria o decreto eterno. 

Em 431, um ano depois da morte de Agostinho, o Concilio de Éfeso condenou oficialmente o pelagianismo.

Agostinho não apenas desafiou a heresia, mas, em sua obra Confissões, descreveu sua busca espiritual, talvez, a primeira autobiografia verdadeiramente espiritual. 

A famosa frase "inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti" vem do primeiro parágrafo dessa obra.

Pelo fato de os ensinamentos de Agostinho tem se tornado tão fundamental ao cristianismo, não percebemos como ele foi original em seus dias. 

Seus pensamentos se espalharam tanto entre os teólogos católicos quanto entre os protestantes. 

Lutero e Calvino o citavam constantemente; gostavam de sua ênfase na graça de Deus e na incapacidade do homem de salvar-se a si mesmo.

Agostinho escreveu centenas de tratados, cartas e comentários. 

Sua obra clássica, intitulada A Trindade é provavelmente o trabalho mais conhecido sobre o assunto. 

Entretanto, sua obra mais importante foi A cidade de Deus, trabalho monumental escrito em resposta à queda de Roma diante dos visigodos. 

Algumas pessoas culparam os cristãos pelo acontecido, e alegavam que Roma cairá porque seu povo rejeitara os deuses nativos. 

Em razão dessas afirmações, Agostinho respondeu defendendo e explicando o plano e a obra de Deus na história. 

Ele diz que, desde Caim e Abel, sempre houve duas cidades no mundo: a cidade de Deus (os fiéis) e a cidade dos homens (a sociedade paga). 

Embora elas se inter-relacionem, Deus cuidará para que a cidade de Deus — a igreja — permaneça por toda a eternidade.

Embora Agostinho tenha escrito no final da era antiga, seus pensamentos influenciaram os estudiosos da Idade Média e perduraram até a Reforma.