1512 Michelangelo completa a cúpula da Capela Sistina
Quando olhamos para a cúpula da Capela Sistina, imagens humanas maiores do que o tamanho real parecem se projetar para baixo, trazendo à vida, de maneira brilhante, nove cenas do livro do Gênesis, sete profetas hebreus e cinco sibilas, profetisas pagas que supostamente predisseram a vinda do Messias.
Logo no primeiro vislumbre dessa obra, é possível verificar que ela é totalmente diferente da arte do mundo medieval.
A arte espiritual, mas, muitas vezes, estilizada e irreal da Idade Média, cedeu sua vez a um novo realismo que fazia maior uso da perspectiva e do conhecimento da anatomia.
A nova arte, no entanto, refletia mudanças mais profundas do pensamento, que alteraram permanentemente o mundo cristão.
O Renascimento começou a ganhar espaço na Europa durante os séculos XV e XVI.
O poeta cristão Petrarca descobrira antigos manuscritos latinos e popularizou o estudo deles.
A partir disso, surgiu o humanismo, que buscava estudar os clássicos e aplicar seus princípios à vida.
De maneira lenta, mas veemente, começou a ser dada maior ênfase ao homem, à sua habilidade de pensar e às suas ações.
Embora o cristianismo ainda exercesse grande impacto sobre o pensamento humano, o mundo foi vagarosamente se distanciando do modo de vida centrado na igreja.
Como muitas figuras proeminentes do Renascimento, Michelangelo Buonarroti amealhou conhecimento diversificado.
Escreveu maravilhosos poemas e se tornou um artista, escritor e arquiteto talentoso.
Sob o patrocínio dos papas Júlio II, Leão X, Clemente VII e Paulo III, criou pinturas e esculturas magníficas, que refletiam o espírito de sua era.
Sob Júlio o, Michelangelo aceitou o projeto de pintar a cúpula de uma das capelas particulares do papa, a Capela Sistina.
De 1508 a 1512, ele criou os magníficos aíreseos de homens e mulheres de carne e osso, que pareciam ser capazes de assumir vida por iniciativa própria.
O realismo com que retratava as histórias bíblicas é estranho à arte medieval.
A despeito dos temas espirituais, essas pessoas pareciam mais deste mundo do que do mundo espiritual.
Em 1534, Michelangelo voltaria à Capela Sistina para pintar a parede do altar.
O Juízo Universal retrata um Cristo vigoroso.
Há grandes figuras dos salvos, que se levantam, e dos que estão destinados à queda, que se mostram tristes por serem incapazes de alterar seu fim.
Quando o papa Paulo III viu a obra pela primeira vez, orou, atordoado: “Senhor, não imputes a mim o meu pecado quando chegar o Dia do Juízo”.
Embora provavelmente seja mais conhecido por suas pinturas, Michelangelo não se considerava, fundamentalmente, um pintor.
Seu primeiro amor era a escultura, na qual ele se sobressaiu, como podemos observar por sua magnífica estátua do jovem Davi; pela delicada Pietá, que retrata Maria com o filho sacrificado; e pelo justo e irado Moisés.
A medida que o homem se tornava cada vez mais o padrão de todas as coisas e do mesmo modo que a Reforma desafiava a autoridade da Igreja Católica, a influência do humanismo aumentava. Contudo, ele começou com os cristãos, e a maior parte dos humanistas permaneceu na fé.