domingo, 19 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1540 O papa aprova os jesuítas

Durante toda a historia da igreja, os momentos de frouxidão foram segue idos por novos esforços de reformar e de retornar à espiritualidade. 

Com o crescimento do protestantismo, a Igreja Católica — uma vez que fora confrontada por seus próprios erros, assim como pela perda de poder decorrente — começou a fazer algumas mudanças.


A Contrarreforma resultante não significava que a Igreja Católica tivesse se voltado para o pensamento protestante. 

Contudo, ela tentou mudar o rumo das ofensas mais abusivas que eram rejeitadas até mesmo por aqueles que estavam na Igreja Católica e procurou reagir à eficiência do protestantismo em obter novos convertidos.

Como no passado, uma nova ordem, que enfatizava a necessidade de devoção e autonegação, emergiu nesse cenário. 

Seu fundador, Inácio de Loyola, era um soldado espanhol que fora atingido na perna por uma bala de canhão. 

Durante sua convalescença, ele leu um livro sobre a vida dos santos e deu início a um longo processo de busca, em que perscrutava sua alma. 

A partir disso, se tornou uma curiosa mistura de soldado, místico e monge.

Exercícios espirituais, o manual devocional que escreveu durante sua enfermidade, não apenas ajudou a desenvolver a fé em seus leitores como também enfatizou a obediência à igreja. 

Esses seriam os postos-chave da Sociedade de Jesus, ou dos Jesuítas. 

Os jovens que Ignácio reuniu ao redor de si comprometeram-se a estar sob o comando do papa e a fazer tudo o que pudessem para expandir e preservar a Igreja Católica. 

Seus princípios incluíam obediência absoluta, inquestionável e quase militar ao papa, bem como os tradicionais votos de pobreza, de castidade e de obediência.

Os jesuítas apoiaram a educação, fundando muitas das melhores universidades da Europa. 

Os que se formavam nessas universidades tornavam-se formadores de opinião, mas possuíam uma maneira de pensar fortemente católica.

O papa Paulo m percebeu o potencial que os jesuítas tinham para conter a onda protestante. Sob suas ordens, trabalharam para trazer de volta ao catolicismo todos os governantes europeus. 

A liderança política definia a religião de um território. 

Assim, influenciar reis e príncipes para aceitar sua igreja significava obter mais seguidores, pois o povo seguia a inclinação religiosa de seus dirigentes.

Além de trazer de volta os que se afastaram do aprisco católico, os jesuítas alcançaram outras pessoas com um intenso programa de missões. 

Os jesuítas partiram para o exterior, enquanto os protestantes estavam preocupados em se estabelecer na Europa e em definir as bases de sua teologia. 

Espanha e Portugal, países extremamente católicos, expandiram seus territórios, e os jesuítas foram com eles para evangelizar os povos conquistados. 

Na época da morte de Loyola, em 1556, eles não apenas tinham alcançado praticamente todas as nações europeias, mas também já haviam se espalhado pelo Japão, Brasil, Etiópia e África central. 

Francisco Xavier dedicou-se mais à expansão das missões no Japão, na índia, na Malásia e no Vietnã. 

Ele morreu tentando levar o evangelho à China. 

Os jesuítas eram os jovens mais refinados de sua época. 

A despeito da disciplina e do trabalho duro vinculado à devoção na ordem jesuíta, os jovens aderiam em grandes números. 

É difícil não admirar sua disposição de se sacrificar diante das muitas dificuldades.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1536 João Calvino publica As institutas da religião cristã


“Cada folha de grama e cada cor no mundo foram criadas com o objetivo de nos alegrar”, escreveu um homem acusado, muitas vezes, de promover um cristianismo sem alegria. 


Aqueles que o conheciam bem respeitavam sua piedade e não teriam ficado surpresos com essas palavras que foram escritas de próprio punho.

Certamente, João Calvino era bastante disciplinado e, após tomar uma decisão, permanecia firme naquela direção. 
Seus estudos na área de Direito desenvolveram seu talento para o pensamento lógico, o que ele transpôs para seus estudos na área de Teologia.

Em uma “breve conversa” ocorrida em algum momento do ano 1533, “Deus me conquistou e levou meu coração à mansidão”, disse Calvino. 

Aparentemente, ele teve contato com os textos de Lutero. 

Calvino rompeu com o catolicismo, saiu de sua terra natal, a França, e estabeleceu seu exílio na Suíça.

Em 1536, aos 27 anos, Calvino publicou a primeira edição das Institutas da religião cristã, uma teologia sistemática que claramente defendia os ensinamentos da Reforma. 

Impressionado com os escritos de Calvino, Cuilherme Farei, reformador genebrino, persuadiu-o a vir e a ajudar na implantação da Reforma naquele país. 

Ali, Calvino assumiu pesada carga de trabalho. 

Pastoreou a igreja de St. Pierre e pregava em três cultos por dia. 

Produziu comentários sobre quase todos os livros da Bíblia, e escreveu panfletos devocionais e doutrinários. Enquanto desenvolvia essas atividades, lutou com diversas enfermidades, entre elas dores de cabeça provocadas por enxaquecas.

Calvino tinha muito a fazer para alcançar seu objetivo de transformar Genebra no Reino de Deus na terra.

O povo daquela cidade, notório por sua moral relaxada, levantou grande oposição quando ele tentou mudar seu estilo de vida. 

Apesar disso, a influência de Calvino se espalhou por toda a Genebra. 

Sua influência era bastante grande nas escolas. 

Ninguém podia evitar suas reformas, pois Calvino tentava excomungar quem não se aproximasse dos padrões das Escrituras e, assim, todos os cidadãos de Genebra tiveram de aderir à confissão de fé de Calvino.

Enquanto alguns se opunham às mudanças, outros as aplaudiam. 

A cidade se tornou um ímã, atraindo exilados de toda a Europa. 

John Knox chamou a cidade governada por Calvino de “a mais perfeita escola de Cristo desde os dias dos apóstolos”. 

A autoridade moral de Calvino reformou Genebra. 

Seus trabalhos escritos tanto em latim quanto em francês concederam um vigor singular ao protestantismo.

Em As institutas, sua maior obra, Calvino afirma claramente as crenças do protestantismo. 

Em um volume, o reformador aborda as crenças principais. No entanto, ele continuou a adicionar material ao seu livro ao longo de toda a sua vida.

Ele começou com o Credo apostólico, destacando quatro pontos: “Creio em Deus Pai […] Jesus Cristo […] o Espírito Santo […] e na santa igreja católica” — que correspondem às quatro sessões do livro. 

Em cada uma, Calvino buscava não apenas afirmar uma teologia, mas procurava aplicá-la à vida cristã.

O Livro πι das Institutas, que contém a doutrina da predestinação, recebeu muita atenção. 

Por mais insólito que pareça, o conceito não era apenas dele, embora Calvino o tenha explicitado. 

Lutero e a maioria dos outros reformadores acreditava nele. 

O modo vigoroso de afirmar esse conceito fez com que uma conexão entre esse ensinamento e o nome de Calvino fosse estabelecida.

Calvino concentrou-se de forma veemente na soberania de Deus. 

Ele rejeitava o fato de a Igreja Católica ter mudado para uma teologia de salvação pelas obras. 

O reformador repetia constantemente: “Você não pode manipular Deus ou torná-lo seu devedor. 

Ele é quem o salva; pois você não pode fazer isso por si mesmo”.

Deus decide salvar algumas pessoas e somente ele pode saber quem é eleito, ensinava o reformador. 

A vida moral pode mostrar que há grande possibilidade de uma pessoa ter sido escolhida por Deus. 

Contudo, Calvino, homem extremamente moralista e muito enérgico, insistia em que seus seguidores deveriam mostrar sua salvação por meio de atitudes. 

Ele enfatizou que os cristãos deveriam agir de maneira a transformar o mundo pecaminoso, uma idéia que foi passada adiante pelo calvinismo.

No Livro iv das Instituías, Calvi-no criou uma ordem eclesiástica baseada no que ele observava nas Escrituras. 
A congregação deveria eleger homens de boa moral — os presbíteros ou anciãos — que seriam os responsáveis por guiar a igreja. Ele também abordou a questão dos pastores, doutores (mestres) e diáconos.

As doutrinas e a política reformada, que criou, espalharam-se pela Escócia, Polônia, Holanda e América.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1534 O Ato de Supremacia de Henrique VIII

Ao contrário da reforma alemã, a reforma inglesa não se originou da busca espiritual de um homem que queria conhecer a Deus mais profundamente. 



Surgiu de uma combinação de desejo pessoal, conveniência política e clima espiritual de uma nação.

A disposição da Inglaterra era de se afastar da Igreja Católica. John Colet, pároco da Igreja de São Paulo, insistia na reforma do clero e no retorno ao estudo da Bíblia. 

Um grupo de estudiosos de Cambridge, que seguia os ensinamentos de Lutero, ficou conhecido por “Pequena Alemanha”. 

O clero, surpreso, não foi capaz de deter a expansão da Reforma.

Contudo, o rei da Inglaterra, Henrique VIII, tinha pouco interesse em mudanças no campo espiritual. 

Em 1521, atacou a idéia de Lutero com relação aos sacramentos e recebeu do papa o título de “Defensor da Fé”. 

Seu interesse em questões espirituais era mínimo.

Depois da morte de seu irmão, Henrique se casou com sua cunhada, Catarina de Aragão. 

Eles não tiveram filhos, o que impedia que Henrique de ter um sucessor ao trono. 

Atraído por Ana Bolena, o rei procurou se livrar da esposa estéril, para conseguir outra que pudesse lhe dar herdeiros. 

Com a justificativa de que não poderia ter se casado com a viúva de seu irmão mais velho, citando Levítico 20.21 como fundamento bíblico para sua posição, pediu ao papa que lhe concedesse o divórcio.

O papa temia enfurecer o imperador do Sacro Império Romano, Carlos V, sobrinho de Catarina, e terminou por impedir que o rei inglês alcançasse seu intento.

Henrique, impaciente, decidiu nomear Tomás Cranmer para a posição de arcebispo de Cantuária, e o novo arcebispo concedeu o divórcio ao rei. 

Henrique, rapidamente, casou-se com Ana, e, no mesmo ano — 1533 — ela deu à luz uma criança, Elisabete.

Em 1534, o Parlamento inglês promulgou o Ato de Supremacia, declarando que o rei era “o chefe supremo da Igreja da Inglaterra”. Isso não significava que o rei pretendia implementar mudanças teológicas radicais na igreja. 

Ele simplesmente queria uma igreja estatal sobre a qual o papa não tivesse autoridade. 

A lei que trouxe uniformidade à nova igreja, o Estatuto dos seis artigos, mantinha o celibato do clero, a confissão de pecados aos sacerdotes e as missas particulares.

Contudo, é preciso destacar que Henrique acabou com os mosteiros, que se tornaram símbolo do hedonismo e da imoralidade. 

O rei não levou em conta a preocupação de muitos cristãos dedicados com relação a esse assunto. Em vez disso, tomou as terras da igreja. 

Depois de fechar os mosteiros, confiscou as propriedades e colocou o dinheiro no tesouro real. 

As terras foram passadas aos nobres em troca de lealdade ao rei.

Com o intuito de promover o nacionalismo inglês, Henrique ordenou que a Bíblia em inglês fosse colocada em todas as igrejas.

Embora Henrique não tenha feito isso por razões de escrúpulo, ele criou uma igreja que não era mais a Igreja Católica Romana. 

Nos anos que se seguiram, a filha mais velha de Henrique, Maria, tentaria levar a Inglaterra de volta ao catolicismo, mas isso não durou muito tempo. 

Uma vez separada do papa, a Igreja da Inglaterra não mais se juntou a ele. As sucessivas ondas de Reforma na Inglaterra foram rápidas e tumultuadas. 

Como veremos nos capítulos a seguir, essas ondas promoveram uma riqueza e uma diversidade de expressão cristã, que, certamente, teriam deixado Henrique perplexo.

terça-feira, 14 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1525 Início do movimento anabatista

Os movimentos reformados luterano e suíço tiveram conexões com o sistema político em seu início. 

Lutero era o protegido de Frederico, o Sábio, e de vários príncipes alemães, que buscavam a liberdade política e, em consequência, começaram a apoiar sua causa. 



A cidade de Zurique, diante da oposição católica, colocou-se ao lado de Zuínglio.

Para um grupo de cristãos que estavam sob a orientação de Zuínglio, substituir Roma por Zurique não era aceitável. 

Eles queriam que a igreja realizasse rapidamente as reformas que fariam com que a igreja voltasse ao ideal do século I. 

Em vez de se concentrar na hierarquia da igreja ou em sistemas políticos, esse grupo mais radical buscava uma igreja autônoma, dirigida pelo Espírito Santo.

A questão que causava a maior discussão era a do batismo infantil. 

O grupo dissidente afirmava que a Bíblia apresentava apenas o batismo de adultos e queria que isso se tornasse prática geral. 

Em 21 de janeiro de 1525, o conselho de Zurique ordenou aos líderes que encerrassem a altercação. 

Os radicais, contudo, viam essa atitude apenas como outro caso em que o poder político tentava controlar sua vida espiritual. 

Em uma noite em que nevava muito, em uma vila próxima, eles se encontraram e batizaram uns aos outros. 
Receberiam, mais tarde, a alcunha de anabatistas (“rebatizadores”), que lhes foi dado por seus detratores.

Os anabatistas queriam fazer mais do que reformar a igreja: pretendiam levá-la de volta ao modelo inicial, retratado nas Escrituras. 

Em vez de uma instituição poderosa, queriam uma irmandade, uma família de fé, criada por Deus, que trabalhava no coração das pessoas.

Os anabatistas propuseram a separação entre a igreja e o Estado, pois viam a igreja como algo distinto da sociedade — até mesmo da sociedade denominada “cristã”. 

Eles não queriam, sob hipótese alguma, a presença de poderes políticos que coagissem a consciência do crente em qualquer aspecto de sua vida.

Eles também não eram favoráveis à burocracia eclesiástica. 

Como foram as primeiras pessoas a praticar a democracia na congregação, acreditavam que Deus não apenas falava por intermédio dos bispos e dos concilios, mas também por meio de cada uma das congregações.

Em uma época em que os turcos muçulmanos estavam às portas da Europa, os anabatistas pregavam uma doutrina nada popular, o pacifismo. 

Por mais estranho que possa parecer, esse conceito não evitou que alguns seguidores se desviassem de seu destino. 

O nome anabatista se tornou sinônimo de “ruptura”. 

Os novos pregadores protestantes eram interrompidos pelos anabatistas durante a pregação, e alguns dos radicais provocavam tumultos. 

Além disso, algumas ocorrências da prática de poligamia, assim como a procla-mação de revelações bizarras como proclamações de Deus, fizeram com que tanto católicos quanto protestantes acreditassem que precisavam livrar o mundo desse grupo desatinado. 

Assim, iniciou-se uma grande perseguição e muitos anabatistas foram mortos — queimados em fogueiras ou afogados.

Ainda assim o movimento se espalhou, especialmente entre as classes mais baixas. 

A evangelização trouxe novos crentes, e alguns protestantes foram atraídos pela ênfase anabatista nas questões da pureza e da pregação bíblica.

Nenhum homem conseguiu reunir essa coleção tão diversa de igrejas, mas é possível que o nome mais conhecido entre os líderes anabatistas seja o de Menno Simons (1496-1559), que deu origem à designação “menonita”.

Os anabatistas deram ao mundo a idéia de que a separação entre igreja e Estado é necessária. 

Entre seus descendentes, os menonitas e as Igrejas dos Irmãos, o pacifismo ainda permanece como doutrina importante.