quarta-feira, 22 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1559 John Knox volta à Escócia para liderar a Reforma

O século

xvi foi um período de grande agitação para a pequena, pobre e devastada terra da Escócia. 

Nobres poderosos apoiavam a Inglaterra ou a França. 



As lutas internas e as ameaças externas criaram uma confusão política que implorava por mudanças.

No front religioso, a Reforma foi sistematicamente reprimida. 

Patrick Hamilton, pregador pró-luterano, morreu queimado na fogueira, em 1528. 

George Wishart sofreu o mesmo castigo, em 1548. 

Um dos partidários de Wishart, um sacerdote até então desconhecido, John Knox, assumiria a Reforma, mas não por muitos anos.

Knox foi capturado pelas forças francesas, que foram enviadas para subjugar os rebeldes que reagiram à morte de Wishart, revidando com o assassinato do cardeal Beaton, pois fora ele quem ordenara a morte de Wishart. 

Knox passou dezenove anos como escravo em uma galera. 

Quando foi libertado, dirigiu-se à Inglaterra protestante, onde permaneceu até que Maria ascendesse ao trono. 

A seguii; fugiu para a Europa, com outros protestantes. 

Em Genebra, ele se tornou um dos mais afeiçoados admiradores de Calvino e absorveu a teologia reformada.

Enquanto Knox estava distante, a Escócia estreitou sua aliança com a França por meio do casamento de Maria Stuart, rainha da Escócia, com o herdeiro do trono da França. 

Muitos escoceses temiam o governo da França católica. 

Uma combinação de nacionalismo e insatisfação religiosa cresceu muito, a ponto de criar um clima propício à Reforma.

Knox, em 1559, voltou para seu país com o apoio popular. 

As batalhas entre as forças da rainha e os protestantes terminaram diante do triunfo da ala protestante. 

Em 1560, o Parlamento adotou uma profissão de fé calvinista, que fora esboçada por Knox e outras pessoas. 

O Parlamento afirmava que o papa não tinha jurisdição sobre a Escócia e proibiu as missas.

Com o objetivo de substituir a ordem católica, Knox e seus seguidores compuseram o Livro da disciplina, em que estabeleciam uma forma de governo da igreja nos moldes presbiterianos. 

Isso também fez com que houvesse grande mudança na educação, pois foram criadas escolas públicas, incluindo-se universidades. 

Esse trabalho se tornaria um marco para o país, em virtude da disseminação de um forte espírito de independência e de democracia.

Com o objetivo de orientar o culto presbiteriano, Knox redigiu o Livro de ordem comum, que mostra seu compromisso com Calvino e com os reformadores suíços.

John Knox e a rainha, muitas vezes, estiveram em franca discordância. 

A corte da rainha católica possuía moral fraca, o que era uma ofensa para o justo Knox. 

De seu púlpito na Igreja de St. Giles, em Edimburgo, ele lançava insultos contra a rainha. 

Embora não fizesse qualquer tentativa para reconverter os escoceses, a rainha praticava sua fé em uma capela particular, algo que Knox não podia aprovar.

Embora fosse muito atraente, Maria não era muito sábia nas questões políticas e no trato pessoal. 

Depois da morte do marido francês, ela se casou com seu primo, o lorde Darnley. Logo após a morte desse último marido, fato que causou bastante suspeitas, a rainha rapidamente se casou com o conde de Bothwell. 

Nesse momento, até mesmo os católicos se voltaram contra ela. 

Os nobres da Escócia forçaram Maria a abdicar e, desse modo, o caminho para a Escócia protestante ficou aberto. 
Seu filho, Tiago — que mais tarde herdaria o trono da Inglaterra —, não era católico, e Knox demonstrou sua aprovação ao pregar na coroação desse jovem, em 1567.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1549 Cranmer produz o Livro de oração comum

Uma igreja surgida com a Reforma foi a que passou por menos reformas. 

Sob a liderança de Henrique viu, a Inglaterra se afastou da Igreja Católica, mas as poucas mudanças que o rei fez para construir a Igreja Anglicana de modo algum produziram uma igreja verdadeiramente protestante. 



O homem que levaria a Inglaterra na direção da Reforma foi Tomás Cranmer, arcebispo de Cantuá-ria, que declarou que o primeiro casamento de Henrique estava invalidado. 

O calmo homem, que fora grandemente influenciado pelo lute-ranismo, era genuinamente devoto e leitor dedicado das obras dos pais da igreja. 

Ele chamou a atenção de Henrique quando expressou sua posição diante do futuro divórcio do rei.

Cranmer não poderia instituir muitas mudanças na Igreja da Inglaterra enquanto Henrique vm estivesse no trono. 
Contudo, após a morte do monarca, Eduardo VI, seu filho de nove anos de idade, tornou-se rei. 

Cranmer foi um de seus regentes.

Apoiado pelo estudioso Nicholas Ridley e pelo pregador Hugh Latimer, Cranmer deu continuidade à Reforma inglesa. 

As imagens foram removidas das igrejas, e as confissões particulares aos sacerdotes foram interrompidas. 

O clero teve permissão para se casar e usar tanto o vinho quanto o pão na comunhão. 

Estudiosos calvinistas da Europa — Martin Bucer, João à Lasco e Pedro Mártir, entre outros — tornaram-se professores em Oxford e em Cambridge.

Porém, a forma de culto ainda não fora alterada. 

A missa ainda era celebrada em latim e o povo já começava a protestar quanto a isso.

Cranmer tinha um excelente conhecimento da língua inglesa, além de profunda erudição e bom senso com relação ao que era adequado para o momento de adoração. 

A luz da volátil situação política e religiosa da Inglaterra, o arcebispo teve de liderar um comitê, que criaria uma liturgia que fosse agradável tanto a protestantes quanto a católicos. 

A adaptação apresentada no Livro de oração comum usava os rituais já estabelecidos, mas removia os elementos católicos que ofendiam a muitos protestantes. 

O Ato de Uniformidade — que se tornou lei em 1549, ano em que o livro foi publicado — exigia que as igrejas usassem essa liturgia.

O Livro de oração comum dava à igreja uma forma de adoração clássica que era um meio-termo entre o catolicismo e protestantismo, mas muitos reclamaram que ela não era suficientemente protestante. 

Em 1552, foi publicada uma versão revisada e mais protestante.

Além disso, Cranmer produziu os Quarenta e dois artigos, um credo assinado pelo jovem rei. 

Como o Livro de oração comum, os artigos serviram para reunir todo o clero.

Quando o rei morreu, a primeira filha de Henrique, Maria, tornou-se rainha. 

Ela, em um reinado curto e severo, que lhe rendeu a alcunha de “Maria, a Sanguinária”, tentou levar a Inglaterra de volta ao catolicismo. 

Cranmer, devido à pressão excessiva, cedeu às exigências de Maria para que retornasse à fé católica e assinou declarações que revogavam as crenças protestantes. 

Em seu último julgamento, em 1556, porém, afirmou publicamente suas crenças e negou as afirmações que assinara. 

Como muitos outros líderes protestantes — incluindo Ridley e Latimer, que foram queimados no ano anterior — ele foi condenado. 

Diante da fogueira, colocou em primeiro lugar a mão com a qual havia assinado as declarações, de modo que ela pudesse ser a primeira parte do seu corpo a ser reduzida a cinzas.

O livro pelo qual o mártir Cranmer foi grandemente responsável voltaria à vida sob o governo da irmã de Maria. 
Elisabete, a segunda filha de Henrique, levou a Inglaterra de volta à Reforma.

domingo, 19 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1540 O papa aprova os jesuítas

Durante toda a historia da igreja, os momentos de frouxidão foram segue idos por novos esforços de reformar e de retornar à espiritualidade. 

Com o crescimento do protestantismo, a Igreja Católica — uma vez que fora confrontada por seus próprios erros, assim como pela perda de poder decorrente — começou a fazer algumas mudanças.


A Contrarreforma resultante não significava que a Igreja Católica tivesse se voltado para o pensamento protestante. 

Contudo, ela tentou mudar o rumo das ofensas mais abusivas que eram rejeitadas até mesmo por aqueles que estavam na Igreja Católica e procurou reagir à eficiência do protestantismo em obter novos convertidos.

Como no passado, uma nova ordem, que enfatizava a necessidade de devoção e autonegação, emergiu nesse cenário. 

Seu fundador, Inácio de Loyola, era um soldado espanhol que fora atingido na perna por uma bala de canhão. 

Durante sua convalescença, ele leu um livro sobre a vida dos santos e deu início a um longo processo de busca, em que perscrutava sua alma. 

A partir disso, se tornou uma curiosa mistura de soldado, místico e monge.

Exercícios espirituais, o manual devocional que escreveu durante sua enfermidade, não apenas ajudou a desenvolver a fé em seus leitores como também enfatizou a obediência à igreja. 

Esses seriam os postos-chave da Sociedade de Jesus, ou dos Jesuítas. 

Os jovens que Ignácio reuniu ao redor de si comprometeram-se a estar sob o comando do papa e a fazer tudo o que pudessem para expandir e preservar a Igreja Católica. 

Seus princípios incluíam obediência absoluta, inquestionável e quase militar ao papa, bem como os tradicionais votos de pobreza, de castidade e de obediência.

Os jesuítas apoiaram a educação, fundando muitas das melhores universidades da Europa. 

Os que se formavam nessas universidades tornavam-se formadores de opinião, mas possuíam uma maneira de pensar fortemente católica.

O papa Paulo m percebeu o potencial que os jesuítas tinham para conter a onda protestante. Sob suas ordens, trabalharam para trazer de volta ao catolicismo todos os governantes europeus. 

A liderança política definia a religião de um território. 

Assim, influenciar reis e príncipes para aceitar sua igreja significava obter mais seguidores, pois o povo seguia a inclinação religiosa de seus dirigentes.

Além de trazer de volta os que se afastaram do aprisco católico, os jesuítas alcançaram outras pessoas com um intenso programa de missões. 

Os jesuítas partiram para o exterior, enquanto os protestantes estavam preocupados em se estabelecer na Europa e em definir as bases de sua teologia. 

Espanha e Portugal, países extremamente católicos, expandiram seus territórios, e os jesuítas foram com eles para evangelizar os povos conquistados. 

Na época da morte de Loyola, em 1556, eles não apenas tinham alcançado praticamente todas as nações europeias, mas também já haviam se espalhado pelo Japão, Brasil, Etiópia e África central. 

Francisco Xavier dedicou-se mais à expansão das missões no Japão, na índia, na Malásia e no Vietnã. 

Ele morreu tentando levar o evangelho à China. 

Os jesuítas eram os jovens mais refinados de sua época. 

A despeito da disciplina e do trabalho duro vinculado à devoção na ordem jesuíta, os jovens aderiam em grandes números. 

É difícil não admirar sua disposição de se sacrificar diante das muitas dificuldades.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1536 João Calvino publica As institutas da religião cristã


“Cada folha de grama e cada cor no mundo foram criadas com o objetivo de nos alegrar”, escreveu um homem acusado, muitas vezes, de promover um cristianismo sem alegria. 


Aqueles que o conheciam bem respeitavam sua piedade e não teriam ficado surpresos com essas palavras que foram escritas de próprio punho.

Certamente, João Calvino era bastante disciplinado e, após tomar uma decisão, permanecia firme naquela direção. 
Seus estudos na área de Direito desenvolveram seu talento para o pensamento lógico, o que ele transpôs para seus estudos na área de Teologia.

Em uma “breve conversa” ocorrida em algum momento do ano 1533, “Deus me conquistou e levou meu coração à mansidão”, disse Calvino. 

Aparentemente, ele teve contato com os textos de Lutero. 

Calvino rompeu com o catolicismo, saiu de sua terra natal, a França, e estabeleceu seu exílio na Suíça.

Em 1536, aos 27 anos, Calvino publicou a primeira edição das Institutas da religião cristã, uma teologia sistemática que claramente defendia os ensinamentos da Reforma. 

Impressionado com os escritos de Calvino, Cuilherme Farei, reformador genebrino, persuadiu-o a vir e a ajudar na implantação da Reforma naquele país. 

Ali, Calvino assumiu pesada carga de trabalho. 

Pastoreou a igreja de St. Pierre e pregava em três cultos por dia. 

Produziu comentários sobre quase todos os livros da Bíblia, e escreveu panfletos devocionais e doutrinários. Enquanto desenvolvia essas atividades, lutou com diversas enfermidades, entre elas dores de cabeça provocadas por enxaquecas.

Calvino tinha muito a fazer para alcançar seu objetivo de transformar Genebra no Reino de Deus na terra.

O povo daquela cidade, notório por sua moral relaxada, levantou grande oposição quando ele tentou mudar seu estilo de vida. 

Apesar disso, a influência de Calvino se espalhou por toda a Genebra. 

Sua influência era bastante grande nas escolas. 

Ninguém podia evitar suas reformas, pois Calvino tentava excomungar quem não se aproximasse dos padrões das Escrituras e, assim, todos os cidadãos de Genebra tiveram de aderir à confissão de fé de Calvino.

Enquanto alguns se opunham às mudanças, outros as aplaudiam. 

A cidade se tornou um ímã, atraindo exilados de toda a Europa. 

John Knox chamou a cidade governada por Calvino de “a mais perfeita escola de Cristo desde os dias dos apóstolos”. 

A autoridade moral de Calvino reformou Genebra. 

Seus trabalhos escritos tanto em latim quanto em francês concederam um vigor singular ao protestantismo.

Em As institutas, sua maior obra, Calvino afirma claramente as crenças do protestantismo. 

Em um volume, o reformador aborda as crenças principais. No entanto, ele continuou a adicionar material ao seu livro ao longo de toda a sua vida.

Ele começou com o Credo apostólico, destacando quatro pontos: “Creio em Deus Pai […] Jesus Cristo […] o Espírito Santo […] e na santa igreja católica” — que correspondem às quatro sessões do livro. 

Em cada uma, Calvino buscava não apenas afirmar uma teologia, mas procurava aplicá-la à vida cristã.

O Livro πι das Institutas, que contém a doutrina da predestinação, recebeu muita atenção. 

Por mais insólito que pareça, o conceito não era apenas dele, embora Calvino o tenha explicitado. 

Lutero e a maioria dos outros reformadores acreditava nele. 

O modo vigoroso de afirmar esse conceito fez com que uma conexão entre esse ensinamento e o nome de Calvino fosse estabelecida.

Calvino concentrou-se de forma veemente na soberania de Deus. 

Ele rejeitava o fato de a Igreja Católica ter mudado para uma teologia de salvação pelas obras. 

O reformador repetia constantemente: “Você não pode manipular Deus ou torná-lo seu devedor. 

Ele é quem o salva; pois você não pode fazer isso por si mesmo”.

Deus decide salvar algumas pessoas e somente ele pode saber quem é eleito, ensinava o reformador. 

A vida moral pode mostrar que há grande possibilidade de uma pessoa ter sido escolhida por Deus. 

Contudo, Calvino, homem extremamente moralista e muito enérgico, insistia em que seus seguidores deveriam mostrar sua salvação por meio de atitudes. 

Ele enfatizou que os cristãos deveriam agir de maneira a transformar o mundo pecaminoso, uma idéia que foi passada adiante pelo calvinismo.

No Livro iv das Instituías, Calvi-no criou uma ordem eclesiástica baseada no que ele observava nas Escrituras. 
A congregação deveria eleger homens de boa moral — os presbíteros ou anciãos — que seriam os responsáveis por guiar a igreja. Ele também abordou a questão dos pastores, doutores (mestres) e diáconos.

As doutrinas e a política reformada, que criou, espalharam-se pela Escócia, Polônia, Holanda e América.