quarta-feira, 27 de julho de 2022

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA: A IGREJA IMPERIAL.(PARTE-III)

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA:A IGREJA IMPERIAL.(PARTE-III)



TEXTO BASE ATOS 2:4

"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem".


A IGREJA IMPERIAL

1ª DE CONSTANTINO, 313 AD ATÉ À QUEDA DE ROMA EM 476 AD.

No ano 305, quando Diocleciano abdicou o trono imperial, a religião cristã era terminantemente proibida, e aqueles que a professassem eram castigados com torturas e morte. Logo após a abdicação de Diocleciano, quatro aspirantes à coroa estavam em guerra.

Os dois rivais mais poderosos eram Majêncio e Constantino.

Constantino afirmou ter visto no céu uma cruz luminosa com os seguintes dizeres: "Por este sinal vencerás". 
Constantino ordenou que seus soldados empregassem para a batalha o símbolo que se conhece como " Labarum ", e que consistia na superposição de duas letras gregas, X e P.

Em batalha travada sobre a ponte Mílvio, Constantino venceu o exercito de Majêncio e este morreu afogado caindo nas águas do rio.

Após este vitoria Constantino fez aliança com Licínio e posteriormente com Maximino os outros dois pretendentes a coroa.

Em 323 AD, Constantino alcançou o posto supremo de Imperador, e o Cristianismo foi então favorecido.

Os templos das Igrejas foram restaurados e novamente abertos em toda parte.

Em muitos lugares os templos pagãos foram dedicados ao culto cristão.

Em todo o império os templos pagãos eram mantidos pelo Estado, mas, com, a conversão de Constantino, passaram a ser concedido às Igrejas e ao clero cristão.

O Domingo foi proclamado como dia de descanso e adoração.

Como se vê, do reconhecimento do Cristianismo como religião preferida surgiram alguns bons resultados, tanto para o povo como para a igreja:

1ª As perseguições acabaram

2° A crucificação foi abolida

3° Templos restaurados e muitos construídos

4° O infanticídio foi reprimido

5° As lutas de gladiadores foram proibidas

Apesar de os triunfos do Cristianismo haverem proporcionado boas coisas ao povo, contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato trouxe, maus resultados para a igreja.

6° As Igrejas eram mantidas pelo Estado e seus ministros privilegiados, não pagavam impostos, os julgamentos eram especiais.

7° Iniciou-se as perseguições aos pagãos, ocorrendo assim muitas conversões falsas.

8° Todos queriam ser membros da Igreja e quase todos eram aceitos.

Homens mundanos, ambiciosos e sem escrúpulos, todos desejavam postos na Igreja, para, assim obterem influência social e política.

9° Os cultos de adoração aumentaram em esplendor, é certo, porém eram menos espirituais e menos sinceros do que no passado.

10° Aos poucos as festas pagãs tiveram seus lugares na Igreja, porém com outros nomes. 

A adoração a Vênus e Diana foi substituída pela adoração a virgem Maria. As imagens dos mártires começaram a aparecer nos templos, como objeto de reverência.

No ano 363 AD todos os governadores professaram o Cristianismo e antes de findar o quarto século o Cristianismo, foi virtualmente estabelecido como religião do Império.

A Fundação de Constantinopla

O Imperador Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente ligada à adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele desejava uma capital sob os auspícios da nova religião.

Na nova capital, a igreja era honrada e considerada, não havia templos pagãos.

Logo depois da fundação da nova capital, deu-se a divisão do império.

As fronteiras eram tão grande que um imperador sozinho não podia defender seu vastíssimo território.

As Controvérsias

A Primeira Controvérsia Apareceu por causa da doutrina da Trindade.

O Presbítero Ario de Alexandria defendia a tese de que Jesus era superior aos homens porém inferior ao Pai, não admitia a existência eterna de Cristo. Seu principal opositor foi Atanásio também de Alexandria afirma a unidade de cristo com o Pai e sua divindade.

Constantino não teve êxito em resolver a questão por isso convocou o concílio de Nicéia em 325 AD onde a doutrina de Ário foi condenada.

A Controvérsia de Apolinário Apolinário era Bispo em Laodicéia quando declarou que a natureza divina tomou lugar da natureza humana de Cristo.

Este Heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla em 381 AD.

A Controvérsia de Nestor Nestor era sacerdote em Antioquia quando se opôs a aplicação do termo " Mãe de Deus ", a Maria, afirmou que as duas natureza de Cristo agiam em harmonia.

No Concílio de Éfeso em 433 Nestor foi banido e suas obras foram queimadas e aprovado o termo " Mãe de Deus "
O Desenvolvimento do poder na Igreja Romana

Roma reclamava para si autoridade apostólica. 

A Igreja de Roma era a única que declara poder mencionar o nome de dois apóstolo como fundadores, isto é, Pedro e Paulo.

A organização da Igreja de Roma e bem assim seus dirigentes defendiam fortemente estas afirmações.

Neste ponto há um contraste notável entre Roma e Constantinopla. Roma havia feito os imperadores, ao passo que os imperadores fizeram Constantinopla.

Além disso Roma apresentava um Cristianismo prático. Nenhuma outra igreja a sobrepujava no cuidado para com os pobres, não somente com os seus membros , mas também entre os pagãos.

Foi assim que em todo o ocidente o bispo de Roma, começou a ser considerado como autoridade principal de toda a igreja.

Foi dessa forma que o Concílio Calcedônia, na Ásia Menor, no ano 451 AD, Roma ocupou o primeiro lugar e Constantinopla o segundo lugar.

O Cristianismo Vivo

O Cristianismo dessa época decadente ainda era vivo e ativo.

Devemos mencionar aqui alguns bispos e dirigentes da igreja nesse período que contribuíram para manter vivo o Cristianismo.

Atanásio ( 296 - 373 ) Foi ativo defensor da fé no início do período. Já vimos como ele se levantou e se destacou na controvérsia de Ário; foi escolhido bispo de Alexandria. Cinco vezes exilado por causa da fé, mas lutou fielmente até o fim.

Ambrósio ( 340 - 397 ) Foi eleito bispo enquanto ainda era leigo e nem mesmo batizado.

Converteu-se posteriormente, repreendeu o próprio imperador (Teodósio) por causa de um ato cruel e mais tarde o próprio imperador o tratou com alta distinção. Foi autor de vários livros.

João Crisóstomo ( 345 - 407 ) " Boca de ouro " em razão de sua eloqüência inigualável, foi o maior pregador desse período. Chegou a ser bispo em Constantinopla.

Entretanto, sua fidelidade, zelo reformador e coragem, não agradava à corte. Foi exilado e morreu no exílio.
Jerônimo ( 340 - 420 ) Foi o mais erudito de todos. Estudou literatura e oratória em Roma.

De seus numerosos escritos, o que teve maior influência foi a tradução da Bíblia para o latim, obra que ficou conhecida como Vulgata Latina, isto é, a Bíblia em linguagem comum, até hoje usada pela Igreja católica Romana.
Agostinho ( 354 - 430 ) O nome mais ilustre desse período, bispo em Hipona na África. 

Escritor de vários livros sobre o Cristianismo e sobre a própria vida. Porém a fama e a influência de Agostinho estão nos seus escritos sobre a teologia cristã, da qual ele foi o maior expositor, desde o tempo de Paulo.


III° CONTROVÉRSIAS TRINI-TÁRIAS E CRISTOLOGICAS

No fim do II Século e no III começam aparecer divergências de interpretação dentro da  própria Igreja.

As três grande linhas de interpretação posterior (Ásia Menor, Roma e Alexandria) já começaram aparecer nos pais apostólicos.

Movimentos gnósticos estão presentes em toda a Igreja no fim do II e início do III século.

Só foi possível contorná-los após a exclusão de seus grandes líderes. Com a ascensão de Constantino, conhecido como o "imperador cristão", o palco estava pronto para uma série de conflitos teológicos que duraria do IV até o VIII século.

Estas controvérsias começaram como discussão da relação de Jesus Cristo a Deus Pai e terminaram tentando explicar a relação entre as duas naturezas de Cristo.

As primeiras são chamadas de "trinitárias"; as últimas, "cristológicas".


O Concílio de Níceia

Este concílio reuniu 318 bispos por um período de 3 meses para resolver as diferenças entre Alexandre e  Ário. Segundo Ário, presbítero de Alexandria, somente Deus Pai seria eterno não gerado.

O Logos, o Cristo preexistente, seria mera criatura. Criado a partir do nada, nem sempre existiria.

O Cristo existiria num tempo anterior à nossa existência temporal, mas não era eterno.

Por outro lado estavam Alexandre e  o jovem Atanásio que afirmava que o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em Jesus.

Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com o  Filho eternamente.

Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho.

A cristologia de Ário foi rejeitada pelo concílio de Nicéia afirmando que a igreja acreditava em: "um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus; gerado do pai, unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz de  Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, consubstancial com o Pai, por quem todas as   coisas foram feitas no céu e na terra; o qual , por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e  encarnou e foi feito homem" "todos os que dizem que houve um tempo que ele não existiu, ou que não  existiu antes de ser feito, e que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa, ou que o Filho de  Deus é criado ou mutável, ou alterável, são condenados pela Igreja Católica".


Controvérsia Cristológica

A questão do relacionamento entre o Filho e o Pai foi resolvida em Nicéia.

Porém isto  gerou novos questionamentos, agora em torno do relacionamento entre as naturezas  humanas e divina de Cristo.

Em geral os teólogos ligados a Alexandria salientaram a  divindade de Cristo, enquanto que os relacionados a Antioquia, a sua humanidade, às  expensas de Sua deidade.

A controvérsia se iniciou no ensino de Paulo de Samosata, bispo de Antioquia.

Este ensinava o que se chama de adocionismo ou monarquismo  dinâmico. Jesus era um homem "energizado"pelo Espírito no batismo e assim exaltado à  dignidade divina.

Apolinário de Laodicéia foi o primeiro a negar formalmente que Jesus  teve uma alma racional. No seu lugar estava o divino Logos.

O Concílio de Calcedônia (451) definiu a cristologia afirmando que Jesus Cristo era: "perfeito em divindade e perfeito em humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, de alma racional e corpo, da mesma substância com o Pai segundo a divindade; e da mesma substância conosco segundo a humanidade, semelhante a nós em todos os    aspectos, sem pecado, gerado do Pai antes de todos os tempos segundo a divindade..."


IV° OS HISTORIADORES DA IGREJA

Eusébio de Cesaréia (260-340). Escreveu sua História Eclesiástica onde apresenta a história da Igreja desde seu início até 324.

A sua Crônica começa com Abraão e vai a 323.

Deu estrutura cronológica para toda a história medieval. Escreveu a Vida de Constantino onde louva o imperador.
 Foi acusado de ser  semi-ariano.

Socrates. Nasce em Constantinopla e escreveu a história da Igreja de 305 até 439.

É um autor não  crítico, ignorava a Igreja no oeste. Ele apresenta uma coleção inestimável de dados e documentos.

Sozomen. Foi criado em Gaza mas viveu em Constantinopla após 406. Apresenta a história de 323 a 439.

Foi educado para ser monge. Dá destaque ao monarquismo em detrimento de outros dados como a  verdadeira filosofia cristã. A biografia é a principal força de sua história.

Os "Teólogos" da Igreja

Atanásio(298-373) Assistiu o Concílio de Nicéia, mas aparentemente não foi um grande luminário lá.

Após a morte de Cirilo, Atanásio foi eleito bispo de Alexandria em 328. Durante seu bispado foi exilado 5  vezes por Constantino e seus sucessores.

Sua força se tornou tão grande, que os últimos dois mandatos do exílio não podiam ser cumpridos.

Nesse período a ortodoxia nicena já havia triunfado sobre o     arianismo. Sua vida pode ser dividida em 3 etapas:

Antes de Nicéia até 325; luta contra o arianismo 325-361 e período de vitória da ortodoxia, 361-373
João Crisóstomo (345-407). foi um grande expositor e orador.

Ao princípio advogou segundo seu treino   em direito.

Após seu batismo em 368 se tornou monge. Com a morte da sua mãe em 374 seguiu uma vida  extremamente ascética até 380. foi ordenado em 386 e se tornou patriarca de Constantinopla em 398.

Foi banido em 404 por ter denunciado as vestimenta extravagantes da imperatriz, bem como a colocação de uma estatueta dela em prata na Igreja ao lado de Santa Sofia.

Morreu no exílio em 407. Ainda existem 604 dos seus sermões.

A leitura destes sermões mostra a força da sua pregação sem o acréscimo da  personalidade de seu autor.
A grande maioria destes sermões versam sobre as epístolas de Paulo.

Procurava levar em consideração o contexto e aplicar aos dias dele o sentido literal do texto.

Teodoro de Mopsuéstia (350-428). Foi príncipe dos exegetas da antiguidade. em contraste com os   alexandrinos, ele com Crisóstomo procuravam proclamar o sentido natural do texto. 

Foi defensor, pelo   menos em parte, de Nestório. Defendeu insistentemente a integridade da humanidade de Cristo.

Basílio de Cesaréia (329-379) foi instalado na sé de Cesareia em 370. Logo em seguida começou uma série de negociações teológicas, primeiro com Atanásio e depois com o papa Dâmaso para promover a reunião das igrejas cismadas pela controvérsia sobre a Trindade. Graças a sua obra de organizador e legislador criou uma nova concepção da instituição monástica.

Colocou como ideal o quadro dos cristãos em Jerusalém (At: 2=4) e destacou daí a obediência ao superior.

Gregório de Nissa (331-395). Irmão mais novo de Basílio, foi um estudante da Bíblia e de Orígenes.

Foi   eleito bispo em 371. Tornou-se o defensor mais avançado do credo de Nicéia.

Foi o primeiro a procurar  estabelecer por considerações racionais a totalidade das doutrinas ortodoxas.

A filosofia se tornou uma auxiliadora da teologia. Embora divergiu de Orígenes, especialmente em cosmologia, na maior parte   aceitou o ensino deste no que podia acomodá-lo à fé explícita da Igreja.

Gregório de Nazianso (330-390). Foi eleito bispo em 372, junto com os dois anteriores, procurou  reconciliar as 2 proposições de Atanásio: a identidade de essência entre Pai e Filho com a distinção de  pessoalidade entre Pai e Filho. 

Os 2 Gregório também procuravam salvar a reputação de Orígenes para a ortodoxia.

Assim adotaram a doutrina de Orígenes que rezava que o Logos uniu-se com a natureza  sensível pela mediação de uma alma humana racional.

Acrescentaram que o Logos tomou todas as partes   da natureza humana em comunhão consigo e as permeava.

Jerônimo (347-419). Foi o autor da Vulgata que ele insistiu traduzir do grego (NT) e hebraico (AT), salvo os Salmos que já foram traduzidos da Setuaginta (LXX). 

Jerônimo introduziu dois outros elementos à   Igreja ocidental que tiveram grandes repercussões lá. Introduziu a vida ascética a Europa ocidental.

A importância disto só pode ser avaliada à luz da forma que a Igreja toma na Europa medieval. Introduzido
também Orígenes ao Oeste. Por causa de uma tradução tendenciosa por parte de Rufino, Jerônimo fez  uma tradução ao pé da letra de Orígenes.

Mais tarde ficou embaraçado de ter seu nome ligado a  Orígenes. Condenou a doutrina deste, mas sempre admirou seu estilo de escritor.

Além de suas traduções  da Bíblia e de Orígenes, Jerônimo é famoso por seus comentários nas Escrituras.

Seu primeiro (388) comentário foi sobre Eclesiástes, seguido no mesmo ano por Gálatas, Efésios e Tito.

Três anos depois publicou um sobre 5 dos profetas menores. De 397 até 419 completou os profetas menores, bem como Jonas, Daniel, Isaias, Ezequiel e Jeremias. E do NT apenas Mateus.

Ambrósio de Milão (340-397). Foi um grande administrador eclesiástico; pregador e teólogo.

Foi a   pregação de Ambrósio que trouxe Agostinho ao evangelho.

Era governador imperial da área ao redor de Milão quando o bispo da cidade morreu em 374.

O povo unanimemente queria que Ambrósio aceitasse ser bispo.

Crendo ser isto a vontade de Deus, renunciou ao seu cargo político, distribuiu seus bens aos  pobres e, após sua eleição, iniciou um estudo intensivo das Escrituras.

Foi um grande pregador apesar de  sua exposição ser desfigurada pela interpretação alegórica das Escrituras.

Resistiu ao imperador Teodósio, não permitindo-o participar da Ceia até que humilde e publicamente se arrependesse do  massacre dos tessalonicenses.

Aparentemente foi Ambrósio que introduziu o cantar de hinos na Igreja Ocidental.

Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado.

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA: A IGREJA MEDIEVAL.(PARTE-IV)

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA: A IGREJA MEDIEVAL.(PARTE-IV)



TEXTO BASE ATOS 2:40-44

E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.
De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,

E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.

E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.

E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.Atos 2:40-44


1° DE ROMA EM 476 AD ATÉ A QUEDA DE CONSTANTINOPLA, 1453 AD.

I° PROGRESSO PAPAL

O termo "papa", significa simplesmente "papai", sendo, portanto, um termo de carinho e respeito, este termo era usado para qualquer bispo, sem importar se ele era de Roma. Como Roma era, pelo menos de nome, a capital do Império, a igreja e o bispo desta cidade logo se viram em posição de destaque.

Quando os bárbaros invadiram o Império, a igreja de Roma começou a seguir um rumo bem diferente Constantinopla. No Ocidente, o Império desapareceu, e a igreja veio a ser a guardiã do que restava da velha civilização.
Por isto, o papa, chegou a Ter grande prestígio e autoridade.

Porém, enquanto que no Oriente duvidava-se de sua autoridade, em Roma e vizinhanças esta autoridade se estendia até além dos assuntos religiosos. Tudo isto nos mostra que em uma época em que a Europa estava em caos, o papado preencheu o vazio, proporcionando certa estabilidade.

O período de crescimento do poder papal começou com o pontificado de Gregório I, o Grande, e teve o apogeu no tempo de Gregório VII, mais conhecido por Hildebrando.

Hildebrando reformou o clero que se havia corrompido, elevou as normas de moralidade de todo o clero, exigiu celibato dos sacerdotes, libertou a igreja da influência do estado, podo fim à nomeação de papas pelos reis e imperadores. Hildebrando impôs a supremacia da igreja sobre o Estado.


II° ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO PAPADO

A autoridade monárquica do papa, é fruto de um longo processo.

De um bispo igual aos outros, o de Roma passa a ser o primeiro entre os demais e finalmente cabeça incontestável da Igreja. Vários papas de grande envergadura, dos quais devemos citar: Inocêncio (402-417); Celestino (422-432); Leão I (440-461); e Gregório I (590-604).

1° Até Constantino Os antigos autores católicos tenham insistido que a Igreja de Roma foi fundada por Pedro e que tenha tido uma linha de papas, vigários de Cristo, desde então.

Oscar Cullmann, teólogo protestante, examina detalhadamente a questão de Pedro ter estado em Roma.
Conclui que estava lá e lá foi martirizado. Nega entretanto que tenha fundado a Igreja ou passado seus direitos aos bispos subseqüentes.

A lista dos primeiros bispos consta destes nomes:

Lino, Cleto ou Anacleto, Clemente (91-100), Evaristo, Alexandre (109-119), Sixto I (119-127), Telesforo (127-138), Higino (139-142), Pio I (142-157), Aniceto (157-168), Soter (168-177), Eleutero (177-193).

Estas datas são aproximadas e temos poucas informações do seu pontificado.
Vitor (193--202). Parece ser o primeiro a procurar estabelecer a autoridade papal além das fronteiras de sua igreja.


Cipriano.

Bispo em Cartago durante o pontificado de Cornêlio e Estevão, contribuiu bastante para fortalecer a autoridade do bispo de Roma. 

Defendeu as reivindicações petrinas (Mt:16:18) sem entretanto colocar o papa sobre os demais bispos.

Estevão (253-257). Procurou forçar as demais igrejas a seguir o costume romano quanto ao cálculo da data da páscoa.

Um outro elemento que contribuiu para fortalecer a posição de Roma neste período foi a crescente prática das igrejas rurais ou de pequenas cidades serem relacionadas a alguma igreja em cidade grande ou incorporadas num sistema diocesano.

Esta prática começou no II século como resultado do sistema missionário das igrejas mães.

2. De Constantino a Gregório Magno

A oficialização da Igreja trouxe em seu bojo rápido desenvolvimento hierárquico. Constantino se considerava bispo e até bispo dos bispos em coisas formais e até doutrinárias. Sem sua permissão não se pode reunir um sínodo.

Roma surge como árbitro entre as igrejas. No conflito entre os arianos e Atanásio, este contribuiu para fortalecer Júlio por ter recorrido ao bispo de Roma, pedindo que convocasse um concílio.

Esta e outras questões entre as igrejas do leste e da África foram exploradas pelos papas para fortalecer suas próprias posições. Assim questões religiosas seriam resolvidas pelo "sumo-pontífice" de religião e não pelos magistrados civis.

Siricius (354-398). Conseguiu que um concílio realizado em Roma decretasse que nenhum bispo deve ser consagrado sem o conhecimento e consentimento do bispo de Roma. Mesmo que seja um decreto falso, é muito antigo e exerceu grande influência.

Inocêncio I (402-417). Demonstrou grande ousadia em explorar as reivindicações de Roma, exigindo submissão universal a sua autoridade. Insistia que era a obrigação de todas as igrejas ocidentais se conformarem aos costumes de Roma.

Celestino (422-432). Durante o exercício do seu papado foi resolvido a mui agitada questão do direito de apelar a Roma decisões nas províncias. Celestino manipulou as questões de uma maneira que sempre saía ganhando o prestígio de Roma, até o ponto de dispensar os cânones de um concílio geral.

Leão I (440)-461). Homem humilde, insistia que era sucessor de Pedro e que não se pode infringir a autoridade deste. Conseguiu do jovem e fraco imperador Valentino III um edito em que este reconhece a primazia da sé de Pedro e insiste que ninguém pode agir sem a permissão desta sé.

Gregório I (589-604). Possivelmente o maior papa deste período. filho de um senador, adotou o costume monástico. Pretendia ser missionário aos ingleses quando foi consagrado papa aos 49 anos de idade. Reclamou que Máximo foi eleito patriarca de Constantinopla no lugar de seu candidato e suspendeu todos os bispos que o consagraram sob pena de anátema de Deus e do apóstolo Pedro.

Repreendeu o patriarca de Constantinopla por ter assumido o título de bispo ecumênico.

* A coroação de Carlos Magno

Abriu a história política e eclesiástica da Europa um novo período, no qual os dois poderes o civil e o papal aparecem intimamente ligados, em busca de ideal comum de poderio e domínio.

Leão III (795-816). O período começa com Leão III assentado na cadeira pontificial. Foi ele quem colocou Carlos Magno como imperador no ano 800.

Estevão IV (816-817). Este papa coroou o Rei Luiz o Pio, em Roma ato que elevou ainda mais a posiçao do papa.

Gregório IV (827-844). Foi nos dias desse papa que apareceram falsos documentos a favor da prerrogativa papal. Gregório defendeu Roma contra os sarracenos.

Nicolau I (858-867). Ascendeu a cadeira papal num momento de agitação e desordens, aproveitando-se dos documentos falsos a favor da absoluta soberania e irresponsabilidade do papado, procurou firmar os direitos de supremacia do papa e de sua jurisdição suprema.

Adrião II (867-872). Trabalhou principalmente à sombra a influencia atingida pelo seu antecessor.

João VIII (872-882). O maior problema durante o papado de João VIII foi a ameaça sarracena, forçando-o a pedir ao novo imperador Carlos a sua proteção, mas Carlos e o papa aceitou o tratado humilhante com os sarracenos.
O período de 882 a 903 caracteriza-se pela torpe degradação do poder papal.

O poder papal enfraqueceu-se notadamente. As eleições pontifícias feitas nesse período são memoráveis pela torpeza que as acompanhou. O papa Formoso subiu ao poder em 891 e, dois anos depois de sanguinolento pontificado, morreu, provavelmente envenenado.

Estevão VI, foi aprisionado e morto. E depois foi eleito o Papa Marino, cujo pontificado durou apenas meses. João X, feito papa, procurou abrogar os atos de Estevão, e de fato abrogou muitos deles. Leão V, depois de um breve pontificado, foi morto por seu próprio capelão seu sucessor, Mas ao assassino coube o mesmo fim trágico, decorrido apenas oito meses.

No período de 903 a 963 Com Sergio III, começa a influência perniciosa de uma aventureira de alta linhagem sobre o governo papal. De 936 a 956 o papado esteve sob inf1uência de Alberico que nomeou quatro papas. 

Um filho do mesmo, sob o nome de João XIII, assumiu o ofício papal sendo o seu pontificado havido como um dos mais imorais e licenciosos. 

Este papa morreu assassinado,Otão, O Grande, fez sentir a sua interferência no papado em 983, com a convocação de um sínodo para depor o imoral João XIII e substituí-lo por Leão VIII. Durante este período, até 1073, foram nomeados vário papas e os imperadores ficaram no direito de nomear e controlá-los para evitar a dissolução completa do clero.

Hildebrando (1073). Foi inquestionavelmente o maior estadista eclesiástico da Idade Media. Seu objetivo foi tornar um fato o domínio universal e absoluto do papado, e sua política subordinou-se completamente a este propósito. Este papa tomou o nome de Gregório VII.


*Concílio de roma em 1059

1- A nomeação do papa pelos bispos cardeais sancionadas pelo clero cardeal e depois aprovada pelo clero inferior e os leigos.

2- Nenhum oficial da igreja, sob pretexto algum, pode aceitar benefício algum de qualquer leigo ou ser chamado a contar ou dar conta a jurisdição.

3- Nenhum cristão pode, assistir a missa rezada por padre de quem se sabia ter concubina, apesar da renhida oposição, Hildebrando executou a risco esses decretos. No entanto a vitória de Hildebrando, nunca foi completa e permanente.

Inocêncio III (1198-1216), aproveitou as prerrogativas papais firmando umas e alargando outras. Foi durante seu papado que o poder papal, que evoluía gradativamente através dos séculos chegou ao auge. Ele foi o maior papa do século.

* Declínio do poder papal

Do século treze em diante começa o suave declínio do poder papal para o que concorreram fatos e circunstâncias históricas diferentes.

1- Com o século XIII desapareceu completamente o gosto pelas cruzadas.

2- A corrupção constante na corte de Roma, o favoritismo e o mercantilismo que presidiam as decisões do Papa e da Curia, igualmente estimulava a dissidência.

3- Á imoralidade dominava o clero.

4- A cadeira papal era objeto de ambição mais desenfreada.

5- A influência adquirida pelos franceses na Itália e Sicília após queda dos imperadores germânicos foi sobremodo prejudicial ao papado.

Bonifácio VII (1294-l303), subiu a cadeira pontifica no meio destas condições tão favoráveis ao papado, mas sem se adaptar a elas conservou aquele espírito de arrogância e mandonismo, muito característico de seus antecessores.

Em 1305, foi eleito um francês, Clemente V, como papa. Este não foi a Roma, mas estabeleceu sua corte Papal em Avignon e tornou se subserviente de Felipe rei da França. Aqui, ele e seus sucessores todos franceses serviram durante setenta anos. Tão notório se tornaram as condições que os historiadores católicos estigmatizaram o período de cativeiro babilônico do papado.

Em virtude da presença da corte papal de Roma em Avignon, na França, a Europa conseguiu muitas inimizades.
O catolicismo dividiu-se, ficando uma parte com a França e outra com a Itália. 

Aparecem então dois papas um lançando maldições sobre o outro e cada qual julgando-se legitimo chefe da cristandade.

Em 1408, houve uma conferência em Livorno, entre representantes dos dois papas e um ano depo
is reunia-se um concílio geral em Pisa. 

Discutida largamente a questão, ambos os papas foram declarados heréticos e excomungados. 

O concílio elegeu então a Papa, o cardeal de Milão que tomou o nome de Alexandre V.

A questão não ficou resolvida, pois, três papas levantarar-se disputando a cadeira pontificia, cada um formando em torno de si um considerado número de admiradores.

O pontificado de Nicolau V (l448-1455) foi notável, tendo sido construído nesse tempo o Vaticano e a Basílica de São Pedro, considerados como duas magníficas obras de arte. Talvez nesta época tenha-se resolvido o problema dos três papas.

Inocêncio VIII (l484-l492). para melhorar a fortuna de seus filhos ilegítimos, pelejou contra Nápoles e recebia tributo anual de Sultão, por manter seu irmão e rival na prisão em vez de envia-lo como cabeça de um exercito contra os inimigos da cristandade.

Isto se deu numa época de ignorância, senão no período do renascimento literário e quando a Europa tinha entrado numa era de invenções e descobrimentos destinados a transformar a civilização. 

O estado de desmoralização em que a Igreja Romana se achava na véspera da reforma era um fato geralmente reconhecido.


* As Cruzadas

Um grande movimento da Idade Média, sob a inspiração e mandado da igreja, foram as Cruzadas, que se iniciaram no fim do século onze.

A primeira cruzada foi anunciada pelo papa Urbano II, era composta de 275000 dos melhores guerreiros, para combater os Sarracenos que tinham invadido Jerusalém. Após grande batalha Jerusalém foi reconquistada. 

A-A Segunda Cruzada foi convocada em virtude das invasões dos Sarracenos às províncias adjacentes ao reino de Jerusalém.

Sob a influência de Luiz VII da França e Conrado III da Alemanha, um grande exército foi conduzido em socorro dos lugares reconhecido como santos. Enfrentara grandes dificuldades, mas obtiveram vitória.

- A terceira Cruzada foi dirigida por Ricardo I " Coração de Leão", da Inglaterra e outros como; Frederico Barbarroxa, Filipe Augusto. Barbarroxa morrerá afogado e Filipe desentendeu-se com Ricardo I e voltou para França.

A coragem de Ricardo I, sozinho, não foi suficiente para conduzir seu exército para Jerusalém. 

Contudo fez um acordo para que os cristãos tivessem direito a visitar o santo sepulcro.

A Quarta Cruzada foi um completo fracasso, porque causou grande prejuízo a igreja cristã.

Os cruzados, se afastaram do propósito de conquistar a Terra Santa e fizeram guerra a Constantinopla, conquistaram-na e saquearam-na. Constantinopla ficou, posteriomente, a mercê dos inimigos.

Na Quinta Cruzada, Frederico II, conduziu um exército até a Palestina e conseguiu um tratado no qual as cidades de Jerusalém, Haifa, Belém e Nazaré, eram cedidas aos cristãos. Porém 16 anos depois a cidade de Jerusalém foi tomada pelos maometanos.

A Sexta Cruzada foi empreendida por São Luiz. Invadiu a Palestina através do Egito, mas não obteve êxito, foi derrotado pelos maometanos e libertado por uma grande soma .

A sétima Cruzada teve também a direção de São Luiz juntamente com Eduardo I.

A rota escolhida foi novamente a África, porém São Luiz morreu e Eduardo I voltou para ocupar o trono na Inglaterra e a cruzada teve um fracasso total. Esta foi considerada a última Cruzada, porém houve outras de menor vulto.


* O Desenvolvimento da vida Monástica

Este movimento desenvolveu-se grandemente na Idade Média entre homens e mulheres, com resultados bons e maus. Com o crescimento dessas comunidades, tornava-se necessária alguma forma de organização, de modo que nesse período surgiram quatro grandes ordens.

A Ordem dos Beneditinos Fundada por São Bento em 529, em Monte Cassino. Essa ordem tornou-se a maior de todas as ordens monásticas da Europa. Suas regras exigiam obediência ao superior do mosteiro, a renúncia a todos os bens materiais, e bem assim a castidade pessoal.

Cortava bosques, secava e saneava pântanos, lavrava os campos e ensinava ao povo muitos ofícios úteis.

A Ordem dos Cistercienses Surgiram em 1098, com objetivo de fortalecer a disciplina dos Beneditinos, que se relaxava. Seu nome deve-se a cidade francesa de Citeaux, fundada por São roberto. Deu ênfase às arte, arquitetura e especialmente à literatura, copiando e escrevendo livros.

A Ordem dos Franciscanos fundada em 1209 por São Francisco de Assis. Tornou-se a mais numerosa de todas as ordens. Por causa da cor que usavam, tornaram-se conhecido como os "frades cinzentos".

A Ordem dos Dominicanos Ordem esponhola fundada por São Domingos, em 1215.

Os Dominicanos e os Franciscanos diferenciavam-se das outras ordens, pois eram pregadores, iam por toda parte a fortalecer a fé dos crentes.

No início, cada ordem monástica era um benefício para a sociedade. Vamos ver alguns bons resultados.

1.Os mosteiros davam hospedagem aos viajantes, aos enfermos e aos pobres. Serviam de abrigo e proteção aos indefesos, principalmente às mulheres e crianças.

2.Guardavam em suas bibliotecas muitas obras antigas da literatura clássica e cristã. Sem as obras escritas nos mosteiros, a Idade média teria passado em branco.

3.Os monges serviram como missionários na expansão do evangelho, até mesmo entre os bárbaros.

Apesar dos bons resultados que emanaram do sistema monástico, também houve péssimos resultados.

1.O monacato apresentava o celibato como a vida mais elevada, o que é inatural e contrário às Escrituras.

2.Impôs a adoção da vida monástica a milhares de pessoas das classes nobres da época.

3.Os lares e as famílias foram, assim, constituídos não pelos melhores, mas pelos de ideais inferiores, já que os melhores, não participavam da família, nem da vida social, nem da vida cívica nacional.

4.O crescimento da riqueza dos mosteiros levou a indisciplina, ao luxo, à ociosidade e até a imoralidade.
No início do século dezesseis, os mosteiros estavam tão desmoralizados no conceito do povo, que foram suprimidos, e os que neles habitavam foram obrigados a trabalhar para se manterem.


* Início da Reforma Religiosa

Cinco grandes movimentos de reformas surgiram na igreja; contudo, o mundo não estava preparado para recebê-los, de modo que foram reprimidos com sangrentas perseguições.

Os Albigenses "Puritanos" surgiram em 1170 no sul da França. Eles rejeitavam a autoridade da tradição, distribuíam o Novo Testamento e opunham-se às doutrinas romanas do purgatório, à adoração de imagens e às pretensões sacerdotais.

O papa Inocêncio III, promoveu uma grande perseguição contra eles, e a seita foi dissolvida com o assassinato de quase toda a população da região.

Os Valdenses Apareceram ao mesmo tempo, em 1170, com Pedro Valdo, que lia, explicava e distribuía as Escrituras, as quais contrariavam os costumes e as doutrinas dos católicos romanos. Foram cruelmente perseguidos e expulsos da França; apesar das perseguições, eles permaneceram firmes, e atualmente constituem uma parte do pequeno grupo de protestante na Itália.

João Wyclif Nascido em 1324, Recusava-se a reconhecer a autoridade do papa e opunha-se a ela.
Era contra a doutrina da transubstanciação, considerando o pão e o vinho meros símbolos. Traduziu o Novo testamento para o Inglês e seus seguidores foram exterminados por Henrique V.

João Huss Nascido em 1369 foi um dos leitores de Wyclif, pregou as mesmas doutrinas, e especialmente proclamou a necessidade de se libertarem da autoridade papal. Foi excomungado pelo papa, e então retirou para algum esconderijo desconhecido.

Ao fim de dois ano voltou a convite da igreja para participar de um concílio católico-romana de Constança, sob a proteção de um salvo-conduto. Entretanto, o acordo foi violado sob o pretexto de que "Não se deve ser fiel a hereges". Assim João Huss foi condenado e queimado.

Jerônimo Savonarola Nascido em 1452 foi monge Dominicano, em Florença.

A grande catedral enchia-se de multidões ansiosas, não só de ouvi-lo, mas também para obedecer aos seus ensinos. Pregava contra os male sociais, eclesiásticos e político de seu tempo. Foi preso, condenado e enforcado e seu corpo queimado na praça de Florença em 1498.


* A Queda de Constantinopla

A queda de Constantinopla, em 1453, foi assinalada como linha divisória entre os tempos medievais e os tempos modernos. Província após província do grande império foi tomada, até ficar somente a cidade de Constantinopla, que finalmente, em 1453, foi tomada pelos turcos sob as ordens de Maomé II.

O templo foi transformado em mesquita. Constantinopla ( Istambul ) tornou-se a capital do Império Turco e assim terminou também o período da Igreja Medieval.


* Resumo da Apostasia

Mencionaremos algumas das doutrinas que não tem apoio nas Escrituras Sagradas, e quando foram implantadas na igreja.

Ano Doutrina

310 Reza pelos defuntos, 320 Uso de Velas, 375 Culto dos santos, 431 Culto à virgem Maria, 503 Obrigatoriedade de se beijar os pés do papa, 850 Uso da água benta, 993 Canonização dos Santos, 1073 Celibato Sacerdotal, 1184 Instituição da Santa Inquisição, 1190 Venda de Indulgências, 200 Substituição do pão pela hóstia, 1215 Dogma da transubstanciação, 1229 Proibição da leitura Bíblica, 1316 Instituição da reza à Ave Maria, 1546 Introdução dos livros apócrifos, 1870 Dogma da infabilidade papal, 1950 Ascensão de Maria

Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado.

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA: A IGREJA REFORMADA.(PARTE-V)

OS GRANDES PERÍODOS DA HISTÓRIA DA IGREJA:A IGREJA REFORMADA.(PARTE-V)



TEXTO BASE ATOS 2: 45-47

E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.

E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,

Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.Atos 2:45-47

1° DE CONSTANTINOPLA, 1453 ATÉ AO FIM DA GUERRA DOS TRINTA ANOS, 1648

* A Reforma na Alemanha.

Neste periodo de duzentos anos, o grande acontecimento foi a Reforma; iniciada na Alemanha, e teve como resultado o estabelecimento de igrejas nacionais que não prestavam obediência nem fidelidade a Roma. 

Anotemos algumas das forças que conduziram à Reforma e ajudaram o seu progresso. 

Uma dessas forças foi, o movimento conhecido como Renascença, ou despertar da Europa para um novo interesse pela literatura, pelas artes e pela ciência, isto é, a transformação dos médodos e propósitos medievais em métodos modernos.

A maioria dos estudiosos italianos desse período eram homem destituídos de vida religiosa; até os próprios papas dessa época destacavam-se mais por sua cultura do que pela fé.

No norte dos Alpes, na Alemanha, na Inglaterra, e na França o movimento possuía sentimento religioso, despertando novo interesse pelas Escrituras, pelas línguas grega e hebraica, levando o povo a investigar os verdadeiros fundamentos da fé, independente dos dogmas de Roma. Por toda parte, de norte a sul, a Renascença solapava a igreja católica romana.

A invenção da imprensa veio a ser um arauto e aliado da Reforma que se aproximava. 

A imprensa possibilitou o uso comum das Escrituras, e incentivou a tradução e a circulação da Bíblia em todos os idiomas da Europa.

As pessoas que liam a Bíblia, prontamente se convenciam de que a igreja papal estava muito distanciada do ideal do Novo Testamento. Os novos ensinos dos Reformadores, logo que eram escritos, também eram logo publicados em livros e folhetos, e circulavam aos milhões em toda a Europa.

O patriotismo dos povos começou a manifestar-se, mostrando-se inconformados com a autoridade estrangeira sobre suas próprias igrejas nacionais; resistindo à nomeação de bispos, abades e dignitários da igreja feitas por um papa que vivia em um pais distante.

Não se conformava, o povo, com a contribuição do "óbolo de S. Pedro", para sustentar o papa e para a construção de majestosos templos em Roma. Havia uma determinação de reduzir o poder dos concílios eclesiásticos, colocando o clero sob o poder das mesmas leis e tribunais que serviam para os leigos.

Enquanto o espírito de reforma e de independência despertava a Europa, a chama desse movimento começou a arder primeiramente na Alemanha, no eleitorado da Saxônia, sob a direção de Martinho Lutero, monge e professor da Universidade de Wittenberg.

O papa reinante, Leão X, em razão da necessidade de avultadas somas para terminar as obras do templo de S. Pedro em Roma, permitiu que um seu enviado, João Tetzel, percorresse a Alemanha vendendo bulas, assinadas pelo papa, as quais, dizia, possuíam a virtude de conceder perdão de todos os pecados, não só aos possuidores da bula, mas também aos amigos, mortos ou vivos, em cujo nome fossem as bulas compradas, sem necessidade de confissão, nem absolvição pelo sacerdote.

Tetzel fazia esta indagação ao povo: "Tão depressa o vosso dinheiro caia no cofre, a alma de vossos amigos subirá do purgatório ao céu." Lutero, por sua vez, começou a pregar contra Tetzel e sua campanha de venda de indulgências, denunciando como falso esse ensino.

A data exata fixada pelos historiadores como início da grande Reforma foi registrada como 31 de outubro de 1517.

Na manhã desse dia, Martinho Lutero afixou na porta da Catedral de Wittenberg um pergaminho que continha noventa e cinco teses ou declarações, quase todas relacionadas com a venda de indulgências; porém em sua aplicação atacava a autoridade do papa e do sacerdócio.

Os dirigentes da igreja procuravam em vão restringir e lisonjear Martinho Lutero. Ele, porém, permaneceu firme, e os ataques que lhe dirigiam, apenas serviram para tornar mais resoluta sua oposição às doutrinas não apoiadas nas Escrituras Sagradas.

Após longas e prolongadas controvérsias e a publicação de folhetos que tornaram conhecidas as opiniões de Lutero em toda a Alemanha, seus ensinos foram formalmente condenados.

Lutero foi excomungado por uma bula do papa Leão X, no mês de junho de 1520. Pediram então ao eleitor Frederico da Saxônia que entregasse preso Lutero, a fim de ser julgado e castigado. Entretanto, em vez de entregar Lutero, Frederico deu-lhe ampla proteção, pois simpatizava com suas idéias.

Martinho Lutero recebeu a excomunhão como um desafio, classificando-a de "bula execrável do anticristo".

No dia 10 de dezembro, Lutero queimou a bula, em reunião pública, à porta de Wittemberg, diante de uma assembléia de professores, estudantes e do povo. 

Juntamente com a bula, Lutero queimou também cópias dos cânones ou leis estabelecidas por autoridades romanas. Esse ato constituiu a renúncia definitiva de Lutero à igreja católica romana.

Em 1521 Lutero foi citado a comparecer ante a do Concílio Supremo do Reno.

O novo imperador Carlos V concedeu um salvo-conduto a Lutero, para comparecer a Worms. 

Apesar de advertido por seus amigos de que poderia ter a mesma sorte de João Huss, que nas mesmas circunstâncias, no Concílio de Constança, em 1415, apesar de possuir um salvo-conduto, foi morto por seus inimigos, Lutero respondeu-lhes: "Irei a Worms ainda que me cerquem tantos demônios quantas são as telhas dos telhados." Finalmente, no dia 17 de abril de 1521 Lutero compareceu ao Concílio.

Em resposta a um pedido de que se retratasse, e renegasse o que havia escrito, após algumas considerações respondeu que não podia retratar-se, a não ser que fosse desaprovado pelas Escrituras e pela razão, e terminou com estas palavras: "Aqui estou. Não posso fazer outra coisa.

Que Deus me ajude. Amém." Instaram com o imperador Carlos para que prendesse Lutero, apresentando como razão, que a fé não podia ser confiada a hereges.

Contudo, Lutero pôde deixar Worms em paz.

Enquanto viajava de regresso à sua cidade, Lutero foi cercado e levado por soldados do eleitor Frederico para o castelo de Wartzburg. Ali permaneceu durante um ano, enquanto as tempestades de guerra e revoltas rugiam no império.

Entretanto, durante esse tempo, Lutero não permaneceu ocioso; nesse período traduziu o Novo Testamento para a lingua alemã, obra que por si só o teria imortalizado, pois essa versão é considerada como o fundamento do idioma alemão escrito. Isto aconteceu no ano de 1521.

O Antigo Testamento só foi completado alguns anos mais tarde. Ao regressar do castelo de Wartzburg a Wittenberg, Lutero reassumiu a direção do movimento a favor da igreja Reformada, exatamente a tempo de salvá-la de excessos extravagantes.

Em 1529 a Dieta reuniu-se na cidade de Espira, com o objetivo de reconciliar as partes em luta. Nessa reunião da Dieta os governadores católicos, que tinham maioria, condenaram as doutrinas de Lutero.

Os príncipes resolveram proibir qualquer ensino do luteranismo nos estados em que dominassem os católicos. 

Ao mesmo tempo determinaram que nos estados em que governassem luteranos, os católicos poderiam exercer livremente sua religião.

Os príncipes luteranos protestaram contra essa lei desequilibrada e odiosa. Desde esse tempo ficaram conhecidos como protestantes, e as doutrinas que defendiam também ficaram conhecidas como religião protestante.


* A Contra-Reforma

Logo após haver-se iniciado o movimento da Reforma, um poderoso esforço foi também iniciado pela igreja católica romana no sentido de recuperar o terreno perdido, para destruir a fé protestante e para enviar missões a países estrangeiros. Esse movimento foi chamado Contra-Reforma.

Tentou-se fazer a reforma dentro da própria igreja por via do Concílio de Trento, convocado no ano de 1545 pelo papa Paulo III, principalmente com o objetivo de investigar os motivos e pôr fim aos abusos que deram causa à Reforma.

O Concílio era composto de todos os bispos e abades da igreja, e durou quase vinte anos, durante os governos de quatro papas, de 1545 a 1563.

Todos esperavam que a separação entre católicos e protestantes teria fim, e que a igreja ficaria outra vez unida. Contudo, tal coisa não sucedeu. Fizeram-se, porém, muitas reformas na igreja católica e as doutrinas foram definitivamente estabelecidas.

Os próprios protestantes admitem que depois do Concílio de Trento os papas se conduziram com mais acerto do que os que governaram antes do Concílio.

O resultado dessa reunião pode ser considerado como uma reforma conservadora dentro da igreja católica romana.

De ainda maior influência na Contra-Reforma foi a Ordem dos Jesuítas, fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola. Era uma ordem monástica caracterizada pela combinação da mais severa disciplina, intensa lealdade à igreja e à Ordem, profunda devoção religiosa, e um marcado esforço para arrebanhar prosélitos.

Seu principal objetivo era combater o movimento protestante, tanto com métodos conhecidos como com formas secretas.

Tornou-se tão poderosa a Ordem dos Jesuítas, que teve contra ela a oposição mais severa, até mesmo nos países católicos; foi suprimida em quase todos os países da Europa, e por decreto do papa Clemente XIV, no ano de 1773, a Ordem dos Jesuítas foi proibida de funcionar dentro da igreja.

Apesar desse fato, ela continuou a funcionar, secretamente durante algum tempo, mais tarde abertamente, e foi reconhecida pelo papa em 1814. Hoje é uma das forças mais ativas para divulgar e fortalecer a igreja católica romana em todo o mundo.

A perseguição ativa foi outra arma poderosa usada para impedir o crescente espírito da Reforma.

É Certo que os protestantes também perseguiram, e até mataram, porém geralmente isso aconteceu por sentimentos políticos e não religiosos.

Entretanto, no continente europeu, todos os governos católicos preocupavam-se em extirpar a fé protestante, usando para isso a espada. Na Espanha estabelceu-se a Inquisição, por meio da qual inumerável multidão sofreu torturas e muitas pessoas foram queimadas vivas.

Nos Países-Baixos o governo espanhol determinou matar todos aqueles que fossem suspeitos de heresias.

Na França o espírito de perseguição alcançou o clímax, na matança da noite de São Bartolomeu, 24 de agosto de 1572, e que se prolongou por várias semanas. Segundo o cálculo de alguns historiadores, morreram de vinte a setenta mil pessoas.

Essas perseguições nos países em que o governo não era protestante não só retardavam a marcha da Reforma, mas, em alguns países, principalmente na Boêmia e na Espanha, a extinguiram.

Os esforços missionários da igreja católica romana devem ser recõnhecidos, também, como uma das forças da Contra-Reforma. Esses esforços eram dirigidos em sua maioria pelos jesuítas, e tiveram como resultado a conversão das raças nativas da América do Sul, do México e de grande parte do Canadá.

Na India e países circunvizinhos estabeleceram-se missões por intermédio de Francisco Xavier, um dos fundadores da sociedade dos jesuítas.

As missões católicas, nos países pagãos, iniciaram-se séculos antes das missões protestantes e conquistaram grande número de membros e bem assim poder para a respectiva igreja.

Como resultado inevitável de interesses e propósitos contrários dos estados da Reforma e católicos na Alemanha, iniciou-se então uma guerra no ano de 1618, isto é, um século depois da Reforma.

Essa guerra envolveu quase todas as nações européias. Na história ela é conhecida como a Guerra dos Trinta Anos.

As rivalidades políticas e religiosas estavam ligadas a essa guerra.

Ás vezes estados que professavam a mesma fé, apoiavam partidos contrários. 

A luta estendeu-se durante quase. uma geração, e toda a Alemanha sofreu ou seus efeitos terríveis.

Finalmente, em 1648, a guerra terminou, com a assinatura do tratado de paz de Westfália, que fixou os limites dos estados católicos e protestantes, que duram até hoje.

O periodo da Reforma pode ser considerado terminado nesse ponto.


Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado.