sábado, 20 de agosto de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1854 Charles Haddon Spurgeon torna-se pastor em Londres 

“Isso deve ser um engano.”

Foi isso o que Charles Haddon Spurgeon pensou quando lhe pediram para pregar na capela da rua New Park, em Londres. 


Era uma igreja de grande prestígio, em um maravilhoso edifício antigo, e Spurgeon tinha apenas dezenove anos de idade.

Entretanto, não era um engano. Depois de ter falado, Spurgeon foi convidado a se tornar o pastor principal daquela igreja, e manteve-se nesse posto por quase quatro décadas.

Spurgeon dificilmente seria o tipo apropriado para uma sociedade londrina claramente dividida em classes. 
Nascido em uma família de huguenotes, em uma área rural de Essex, viveu com seus avós quando criança porque seus pais eram muito pobres para cuidar dele. 

Seu avô e seu pai eram ministros congregacionais, mas Charles freqüentou uma escola agrícola — ainda que por apenas alguns meses.

Lutando com as necessidades de sua alma, Spurgeon decidiu ir à igreja no primeiro domingo de 1850. 

Uma nevasca impediu que fosse até a igreja que ele pretendia freqüentar, mas terminou indo a uma capela mais próxima, uma metodista primitiva. 

O orador era ignorante, como disse o próprio Spurgeon mais tarde, mas lançou um desafio direto ao jovem Charles. 

Como resultado, Spurgeon tornou-se cristão aos dezesseis anos de idade.

Spurgeon logo descobriu que tinha o dom da oratória. 

Em 1852, ele se tornou pastor de uma pequena Igreja Batista em Waterbeach. 

Era uma área bastante rude, e as pessoas daquela região eram conhecidas por seu apego à bebida. 

Spurgeon desenvolveu um estilo direto. 

Seus ouvintes não deveriam esperar por explicações teológicas floreadas — ele simplesmente diria a eles o que a Bíblia tinha a dizer. 

A fama do “jovem pregador” de Waterbeach começou a se espalhar. 

Logo, a diretoria da capela da rua New Park decidiu dar-lhe uma oportunidade.

A igreja possuía um histórico magnífico, mas enfrentava dificuldades. 

O prédio muito bem ornamentado tinha espaço para cerca de mil pessoas, mas, nos últimos tempos, a igreja tinha dificuldades para reunir uma centena. 

Cerca de oitenta pessoas compareceram ao primeiro culto de Spurgeon. 

Talvez o jovem pregador pudesse fazer com que as coisas acontecessem.

Ele fez. Seu estilo direto fez com que o povo londrino acordasse. 

A audiência da igreja cresceu muito rapidamente. 

Não demorou muito para que aquele grande templo ficasse lotado. 

A igreja precisou alugar o Exeter Hall, um teatro com capacidade para 4 500 pessoas.

Um crescimento tão rápido chamou a atenção da imprensa de Londres, cujos artigos sobre o novo pastor nem sempre eram favoráveis. 

“Todos os seus discursos são carregados de mau gosto, além de serem vulgares e teatrais”, escreveu um jornal. 

Outro dizia que seu estilo “era ordinário e coloquial, repleto de extravagâncias […] Até mesmo os solenes mistérios de nossa santa religião são tratados por ele de maneira rude, áspera e impiedosa […] Esse é o pregador que 5 mil pessoas escutam.”

O número era superior: 10 mil pessoas ou mais. O Exeter Hall logo ficou muito pequeno para as multidões que queriam ouvir Spurgeon. 

A igreja alugou o Surrey Music Hall, com capacidade para 12 mil pessoas sentadas, e o lugar ficou lotado, sem contar as quase 10 mil que esperavam do lado de fora. 

Infelizmente, o culto de abertura trouxe consigo um grande desastre. 

Alguns agitadores gritaram “Fogo!”. 

No pânico que se seguiu, sete pessoas morreram e 28 ficaram gravemente feridas. 

O incidente não contribuiu em nada para que Spurgeon passasse a ser mais tolerado pela imprensa de Londres.

Havia, no entanto, um novo entusiasmo evangélico na Inglaterra de

1860, e Spurgeon estava exatamente no meio dele. 

Os historiadores chamaram esse episódio o Segundo Avivamento Evangélico. 

Outros pregadores, como Alexander Maclaren, em Manchester, e John Clifford, em Londres, também atraíam multidões. Em

1861, a capela da rua New Park concluiu a construção de um novo edifício, o Tabernáculo Metropolitano, com capacidade para 6 mil pessoas. 

O ministério de Spurgeon apenas começava. 

Publicou seus sermões, assim como comentários e livros devocionais, totalizando 140 livros. 

Fundou um seminário para pastores e o orfanato de Stockwell, que cuidava de 500 crianças. 


Tornou-se presidente de uma sociedade para distribuição da Bíblia. 


Ele pregava em todos os lugares sempre que lhe era dada oportunidade.

O estilo de Spurgeon pode ter sido direto e simples, mas não era relaxado com relação à teologia. 

Ele era um batista de convicção calvinista. 

De certa maneira, essa mistura de tradições ajudou as duas alas: trouxe a estrutura do Calvinismo à religião das classes mais simples e ofereceu a sinceridade da fé batista às igrejas das classes mais abastadas.

Seu dom era o da comunicação. 

Ao ler seus trabalhos, podemos encontrar um poder moderno neles. 

Lembre-se de que ele viveu em uma época na qual se prezava muito o estilo: o que você dizia, normalmente, não era nem de perto tão importante quanto a maneira como você falava. 

Spurgeon, no entanto, não tinha tempo para expressões refinadas. 

Ele empregava fortes imagens na linguagem e escolhia verbos que enfatizassem suas ideias. 

Ao fazer isso, estabeleceu um exemplo para os pregadores futuros. 

Os trabalhos escritos desse “príncipe dos pregadores” continuam nos catálogos de várias editoras nos dias atuais, pois ainda são muito admirados.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1854 Soren Kierkegaard publica ataques à cristandade 

A teologia do século XX poderia ter sido bastante diferente, não fosse por uma jovem chamada Regina Olsen. 


Ela era a futura noiva de um dinamarquês brilhante, Soren Kierkegaard. 

O noivado e a ruptura desse compromisso fizeram com que Soren iniciasse uma produção frenética de escritos filosóficos. 

As obras que ele produziu contribuíram, de modo significativo, para mudar a forma do pensamento moderno.

Kierkegaard nasceu em uma família influente, em 1813. Seu pai, um empresário bem-sucedido, aposentou-se precocemente. 

Nessa fase de sua vida, o pai gostava de convidar professores para jantar a fim de que pudessem compartilhar suas idéias. 

Soren, o filho mais novo, era o predileto da família. Seu pai o amava de modo muito especial, assim como admirava o raciocínio rápido do filho.

Aos dezessete anos, Kierkegaard foi enviado para a Universidade de Copenhague. Seu pai queria que ele estudasse para o sacerdócio, mas o jovem se recusou. 

Essa foi apenas uma das muitas discussões que teve com seu pai, que sempre financiou a educação de Soren, bem como seu estilo de vida esbanjador. 

O jovem Kierkegaard tornou-se um tipo de “estudante perpétuo”. 

Pouco antes da morte de seu pai, Soren conseguiu reconciliar-se com ele, e o jovem terminou por estudar Teologia, embora nunca tenha sido ordenado.

Nessa época, Regina Olsen chamou sua atenção. 

Ela era apenas uma adolescente, mas Soren estava decidido a se casar com ela. 

O único problema era que ela estava interessada em outra pessoa. Soren continuou sua ofensiva, encantando Regina e sua família e levando-a a romper com o outro pretendente, para, a seguir, pedir sua mão em casamento.

Agora, porém, ele não a queria mais. 

Ou talvez se considerasse indigno dela. 

Parece que ele tinha algum segredo profundo e obscuro que o impedia de se aproximar dela. 

O que deveria fazer? Se rompesse o noivado, isso seria uma desgraça para ela. 

Não seria justo. Porém, se ela rompesse, seria a melhor solução. 

Desse modo, Soren tentou fazer com que ela desmanchasse o noivado com ele. 

Ele se tornou uma pessoa amarga e desagradável. 

Ela conseguiu suportar isso por bastante tempo, mas, por fim, se cansou.

Todo esse episódio teve um grande peso no coração já pessimista de Kierkegaard. 

Ele era o vilão e a vítima de sua própria vilania. 

Começou a escrever uma série de textos filosóficos, questionando as pressuposições daqueles dias. 

Essas obras foram publicadas sob pseudônimos. 

Depois, assinando seu verdadeiro nome, ele lançava livros que respondiam àquelas questões.

Uma das primeiras dessas obras — Um ou outro — foi saudada por um jornal satírico chamado O Corsário, periódico que raramente aplaudia alguma coisa. 

Kierkegaard ficou perturbado pela api-ovação e pediu que o jornal se retratasse. 

O Corsário simplesmente zombou de seu pedido e começou a expor Kierkegaard ao ridículo.

Isso isolou ainda mais o filósofo solitário. O fiasco com Regina Olsen maculara seu nome em diversos círculos da sociedade, e, agora, O Corsário o insultava em público.

Ele, no entanto, continuou a escrever, voltando sua atenção para temas religiosos. 

De que maneira alguém pode ser um cristão verdadeiro em um mundo caído? Suas respostas eram desesperadoras. 

Ele não tinha esperança nos sistemas ou nas instituições de sua época. Somente, conforme se posicionara, os milagres de Deus poderiam nos salvar.

Ele ainda não planejava um ataque devastador sobre a igreja organizada, mas seus pensamentos caminhavam nessa direção. 

A igreja dinamarquesa daquela época era influente e próspera, assim como foi a defensora da boa teologia luterana e de seus rituais. 

Porém, Kierkegaard via pouca vida nisso tudo. 

Kierkegaard deixou de escrever em 1850, talvez por temer o ponto ao qual seus escritos o levariam.

A morte de seu amigo J. P. Mynster, bispo de Zealand, o pôs novamente em ação. 

A seu modo, Myns-ter, tentara soprar nova vida na igreja dinamarquesa, mas obtivera resultados limitados. 
Kierkegaard aproveitou a ocasião para ralhar rudemente com a igreja por sua negligência aos verdadeiros ensinamentos de Cristo, por sua devoção à forma e aos sistemas filosóficos e por sua adoração ao dinheiro e ao poder. 

Entre dezembro de 1854 e maio de 1855, ele publicou 21 artigos no jornal A Pátria, além de outros textos que foram publicados de maneira independente.

Em outubro de 1855, Kierkegaard sofreu um derrame, vindo a morrer um mês depois.

Seus textos influenciaram alguns pensadores-chave do século xix, mas sua maior influência só apareceu bastante tempo depois. 

Kierkegaard foi saudado como o pai do “existencialismo”, corrente filosófica que ganhou preeminência no século XX. 

Filósofos e teólogos desenvolveram as idéias de Kierkegaard de muitas maneiras, e algumas delas fariam com que ficasse bastante irado, mas outras, até aprovaria.

Kierkegaard é o responsável por muito da subjetividade da teologia moderna, mas sua subjetividade resultou de sua humildade. 

Ele defendia que Deus não é um objeto que podemos dissecar e analisar cientificamente, pois o Senhor é um Ser vivo e ativo que nos confronta com o objetivo de nos salvar.

Do mesmo modo, nós, os humanos, não somos simplesmente uma peça dentro de um quebra-cabeça. 

Somos seres, disse Kierkegaard, com vontades, esperanças e tristezas. 

Ele lutou contra os sistemas abstratos — quer fossem filosóficos, quer fossem religiosos — que buscassem algum tipo de verdade abstrata. 

Ele insistia em que a religião precisava nos dizer de que maneira deveríamos viver.

O pensador dinamarquês também se desesperou diante de nossa inabilidade, como seres humanos, de alcançar Deus pelo intelecto. 

Nossa razão somente nos leva até determinado ponto, disse ele, e, desse ponto em diante, precisamos dar um salto no escuro, na fé de que Deus se encontrará conosco ali. 

Esse salto exige de nós total compromisso, uma rejeição dos valores do mundo e, às vezes, até mesmo dos valores da igreja.

O desespero de Kierkegaard, caso consideremos o apogeu inebriante do Iluminismo, foi praticamente uma surpresa para as pessoas de sua época.

Contudo, ele antecipou a desumanidade da Revolução Industrial, assim como a ascensão e a queda do modernismo. Esse grande dinamarquês estava um século à frente de seu tempo.

sábado, 13 de agosto de 2022

OS PAIS QUE SEMEIAM NOS FILHOS,COLHEM DELES, MAIS TARDE,CUIDADO E PROTEÇÃO*

TEXTO BASE PV 3:11

“Meu filho, não despreze a disciplina do SENHOR nem se magoe com a sua repreensão.”(NVI)


A paternidade é uma das missões mais nobres e mais árduas do mundo. 

A maioria dos pais, sobretudo, aqueles que são padrão de honradez para os filhos, vivem longe dos holofotes, sem os aplausos da sociedade. 

Há muitos homens que são verdadeiros heróis fora dos portões, mas colhem derrotas fragorosas dentro do lar. 

Alcançam o apogeu da glória na vida profissional e financeira, mas perdem os filhos dentro de casa. 

Amealham riquezas, ajuntam tesouros e constroem verdadeiros impérios econômicos, mas arrebentam com a vida emocional dos filhos. 

O sucesso mais cobiçado tem gosto amargo, quando o seu preço é o fracasso da família. 

Não podemos construir nossas vitórias sobre os escombros da nossa própria casa.

Ser pai é mais do que gerar. É dar exemplo. 

É ser espelho. É ensinar com amor, confrontar com doçura, disciplinar com equilíbrio e temperar encorajamento com disciplina. 

Ser pai é não substituir presença por presentes nem responsabilidade por privilégios. 

Há pais que tentam compensar a ausência do lar com concessões exagerados aos filhos. 

Há aqueles que, em nome do amor aos filhos, deixam de corrigi-los e discipliná-los no tempo certo e com a dosagem certa. 

Não poucos pais, em nome da liberdade, não colocam limites para os filhos, empurrando-os, assim, para uma licenciosidade perigosa. 

Há aqueles que superprotegem os filhos, deixando-os despreparados para os embates da vida. 

No outro extremo, há pais que esmagam os filhos, jamais tecendo-lhes um elogio e nunca expressando a eles o seu afeto.

A Bíblia fala de grandes homens que fracassaram como pais. 

Dentre eles podemos citar os sacerdotes Eli e Samuel e os rei Davi e Ezequias. 

Não basta ao homem andar com Deus, precisa, também, colocar sua casa em ordem. 

Não basta apenas dar aos filhos a melhor formação acadêmica e a mais abundante provisão. 

Os pais precisam, sobretudo, forjar nos filhos um caráter íntegro, inspirando-os pelo seu testemunho, a conhecerem a Deus e a viverem em novidade de vida. 

Os pais não podem provocar os filhos à ira nem tratá-los com amargura. 

Não podem, com seu rigor desmesurado nem com sua liberalidade excessiva, deixá-los desanimados. 

Ao contrário, os pais devem criar os filhos na admoestação e disciplina do Senhor.

Os filhos são herança de Deus, o maior tesouro que os pais têm. 

Eles merecem o melhor investimento e os mais redobrados esforços. 

Os filhos são como rebentos de oliveira ao redor da mesa. Trazem beleza e vida para a família. 

Os filhos são como flechas nas mãos do guerreiro. Precisam ser carregados pelos pais e depois lançados por eles, para alvos seguros e certos. 

Os filhos devem ser cuidados pelos pais e depois devem cuidar dos pais. 

Os pais que semeiam nos filhos, colhem deles, mais tarde, cuidado e proteção.

A paternidade responsável é a maior contribuição que um homem pode dar à sociedade. 

Uma família edificada sobre Deus, a Rocha dos séculos, é o mais firme pilar de uma sociedade justa e ordeira. 

O mundo é um reflexo da família. Atacar a família é solapar os alicerces da sociedade e colapsá-la. 

Investir na família, por outro lado, é pavimentar o caminho para o crescimento de uma grande nação. 

Uma nação jamais será maior do que a somatória das famílias que a compõem. 

Uma igreja jamais será mais piedosa do que as famílias que a formam. 

Uma sociedade jamais será mais justa do que as famílias que a integram.

Que os homens, como pais, se levantem e ponham as mãos à obra, cumprindo o seu dever e assumindo sua imensa responsabilidade. 

É tempo de edificar a família e construir uma grande a nação!

Um Forte Abraço! Nos laços do Calvário que nos une......A serviço do Rei, PR João Nunes Machado

Acontecimentos mais importantes da história do Cristianismo.

1854 Hudson Taylor chega à China 

Ninguém sabia que ele estava chegando. 


Hudson Taylor saiu do barco em Xangai, depois de uma viagem tediosa que se iniciara na Inglaterra, e não havia ninguém para lhe dar as boas-vindas. 

Sua carreira missionária brilhante apenas começava, mas ele não tinha um lugar para ficar. 

Não sabia Falar chinês, e apenas alguns chineses conseguiam falar inglês. 

Para agravar ainda mais as coisas, havia uma guerra civil em andamento, acontecendo bem nos arredores da cidade.

Taylor perguntou no consulado britânico sobre alguns missionários ocidentais que ele conhecia. 

Um deles havia morrido, e o outro voltara para casa. Finalmente localizou o dr. 

Walter Medhurst, da Sociedade Missionária de Londres, e combinou ficar com ele.

Isso nem de longe era o que Taylor sonhav a. 

Criado em um lar metodista, ouvira histórias sobre a China contadas por seu pai, que era pregador. 

Ele escutou histórias sobre Robert Morrison, o presbiteriano escocês que iniciou seu ministério em Guangzhou em 1807, que, enquanto trabalhava como tradutor para mercadores, pregava Jesus Cristo. 

Quando o jovem Hudson, aos dezessete anos, tornou-se cristão, ele quase que imediatamente sentiu seu chamado. 
Estudou medicina e teologia, assim como procurou conhecer tudo sobre a grande terra da China.

Quando estourou a Rebelião de Taiping em 1850, no primeiro momento aquilo soou como uma boa notícia para os missionários. 

O líder dos rebeldes fora influenciado por folhetos cristãos. 

Queria livrar a China da idolatria e da corrupção. 

Ele até mesmo batizou o movimento com o nome de “Taiping”, que quer dizer “grande paz”. 

(Ele também estava convencido de que era o irmão mais novo de Jesus Cristo, mas essas excentricidades não ficaram aparentes logo de início.)

Toda a Inglaterra deu atenção à China. 

Uma nova junta de missões, a Sociedade para a Evangelização da China, publicou um chamado para trabalhadores. 
Taylor, que fora dissuadido pela Sociedade Missionária de Londres, ofereceu seus serviços. 

Ele foi direto da escola para o campo missionário. 

Tinha 22 anos quando chegou a Xangai.

O zelo se sobrepôs à sabedoria, pelo menos no que se referia à junta de missões. 

Ε certo que eles colocaram seu homem no campo, mas não lhe deram orientação, pois não tinham uma filosofia missionária, assim como fizeram pouca coisa para preparar o caminho dele até lá. 

Eles, rotineiramente, também ficavam sem fundos.

Taylor precisou estabelecer suas próprias regras. 

Uma dessas questões tinha relacionava-se com o fato de se vestir como os chineses. 

Seus colegas da Inglaterra ficaram assustados, mas Taylor tinha suas razões. 

“Estou plenamente seguro de que as vestimentas nativas são um pré-requisito absoluto”, escreveu ele.

“Estabelecer-se discretamente junto às pessoas, desenvolver comunicação livre, familiar e irrestrita com eles, conciliar os preconceitos, atrair sua estima e confiança e, assim, viver de maneira a ser um exemplo para eles de como um cristão chinês deve se comportar, exigia não apenas a adaptação a esse costume, mas também a aceitação dos hábitos deles […] a aparência estrangeira das capelas e até mesmo o próprio ar estrangeiro de tudo o que estava ligado à religião atrapalhou muito a rápida disseminação da verdade entre os chineses. 

Mas por que era necessário dar esse aspecto estrangeiro ao cristianismo? 

A Palavra de Deus não exige isso […] nós procuramos a cristianização deles e não a perda da identidade nacional desse povo.”

Os missionários chegaram àquele país fechado no rastro dos mercadores e dos soldados. 

Desde que Morrison começou a trabalhar como tradutor para a Companhia das índias Orientais, a relação entre essas pessoas tornou-se evidente. 

Quando a Grã-Bretanha promoveu as vergonhosas Guerras do Ópio — na verdade, uma luta pela manutenção do direito de trocar ópio por seda chinesa —, os tratados unilaterais incluíram, até mesmo, suprimentos especiais para os missionários. 

A mensagem foi bastante clara: a civilização antiga da China era humilhada pela moderna máquina de guerra da Europa — e os europeus trouxeram consigo o cristianismo. 

A China estava sendo transformada em outra colônia do Império Britânico, um usurpador “cristão”.

Taylor teve de lutar com essa história. De certa forma, esses tratados facilitaram o surgimento de missionários. 

Porém, também dificultaram uma relação de maneira mais séria com o povo. 

Taylor esperava que pudesse romper com a mentalidade colonial ao adotar os costumes locais.

Nos primeiros seis anos de trabalho, Taylor trabalhou em Xangai, Swatow e Ningpo, aprendeu o idioma, traduziu as Escrituras e até dirigiu um hospital. 

Durante esse tempo, ele se demitiu da sociedade missionária e continuou de maneira independente.

Voltou à Inglaterra em 1860 e começou a despertar o entusiasmo pelas missões na China. 

Escreveu um livro sobre as necessidades daquele local e buscou ativamente novos missionários. 

Ele fundou a Missão para o Interior da China (MIC) e estava determinado a não cometer os mesmos erros das juntas de missões anteriores. 

A MIC não faria pedidos específicos de contribuições, não garantiria um salário para seus obreiros, mas compartilharia todas suas entradas de maneira equitativa entre os obreiros. 

A missão indicaria pessoas de denominações diferentes e de nações distintas, assim como permitiria até mesmo que mulheres solteiras ou casadas pudessem ser apontadas como missionárias. 

Para aquela época, isso era radical. 

Ele também insistiu em que os missionários da MIC seguissem o seu costume: vestir-se como os chineses.

Em 1866, dezesseis novos missionários voltaram para a China com ele. Iniciaram o trabalho em novas áreas, pregavam o Evangelho aos que nunca puderam ouvi-lo antes. 

Em pouco tempo, a MIC era a principal missão na China. 

Na época da morte de Taylor, em 1905, havia 205 campos missionários, 849 missionários e uma estimativa de 125 mil cristãos chineses.

Hudson Taylor não foi o primeiro missionário na China, mas sua firme recusa de fazer missões “da maneira habitual” levou-o a obter grande sucesso naquele subcontinente.

Um incidente tipifica a integridade e a visão que Taylor introduziu em sua sociedade missionária. 

A MIC, como outras organizações missionárias, perdeu pessoas e propriedades na Revolta dos Boxers em 1900. 

O exército britânico entrou no país mais uma vez, controlou a crise e impôs grandes multas ao governo chinês. Esse dinheiro serviria para cobrir os prejuízos das missões. 

A MIC, no entanto, recusou-se a aceitar qualquer pagamento, pois os chineses já haviam perdido muito.

Nos anos que se seguiram, os missionários da MIC descobriram que esse compromisso de permanecer ao lado do povo chinês fez mais para abrir o coração deles a Cristo do que qualquer tratado diplomático poderia ter feito. Hudson Taylor sempre soube essa verdade.